Notícias

Com estresse no mundo, dólar tem alta de 1,45%, a maior desde outubro

Veículo: O Globo
Seção:
Página:


Num dia de muito estresse nos mercados internacionais, o dólar comercial fechou ontem em alta de 1,45%, cotado a R$1,610, na maior alta diária desde 21 de outubro de 2010. Após subir 2,12% na semana passada, a divisa americana entra nesta semana com perspectiva de alta, seguindo tendência mundial, pois o dólar valorizou-se ontem na comparação com a maioria das moedas. Segundo especialistas, isso mostra que o mercado continua vendo os títulos americanos e o dólar como portos seguros, mesmo com o rebaixamento do rating da dívida pública dos EUA pela Standard & Poors (S&P;).

— Embora o rebaixamento do rating demonstre um risco maior nos títulos americanos, eles seguem sendo um bom ativo. A medida da S&P; serviu mais para aumentar a aversão global ao risco — diz a estrategista-chefe do BNY Mellon ARX, Solange Srour.

Ouro atinge valor recorde e tem maior alta desde 2009

Mesmo com os ativos americanos não sendo tão afetados, o movimento de valorização do ouro, considerado uma das aplicações mais garantidas, aprofundou-se ontem. A cotação do metal teve alta de 3,7%, na maior alta diária desde 19 de março de 2009, atingindo o valor recorde de US$1.713,20 a onça troy (31,1g).

Entre as moedas, apenas o franco suíço e o iene — também considerados seguros — ganharam do dólar ontem. Na Suíça, a divisa americana caiu 1,62% e, no Japão, perdeu 0,80%.

O estrategista-chefe da CM Capital Market, Luciano Rostagno, lembra que o dólar fechou em alta sobretudo nos países produtores de commodities (produtos primários negociados em bolsas internacionais), como o Brasil. Segundo a agência Bloomberg News, o rand sul-africano foi a moeda que mais se desvalorizou, com o dólar subindo 4,02%. Na Austrália a alta da divisa americana foi de 2,49%; no México, de 2,78%; e no Canadá, de 1,27%.

Entre as commodities, o petróleo tipo Brent perdeu ontem 5,15%, a US$103,74, enquanto o leve americano perdeu 5,57%, a US$81,31.

— Os mercados já estão precificando o crescimento global menor e as commodities estão em queda — afirma Rostagno.

Para analistas, apesar da tendência de alta para esta semana, ainda não houve uma explosão do câmbio, como na crise de 2008. Na avaliação do diretor de Tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, só comprou dólar ontem quem precisava, como investidores estrangeiros retirando recursos do país.

Além disso, alguns especialistas destacam que o fato de as empresas exportadoras estarem menos expostas em operações com derivativos evita maiores perdas. Essas operações, no mercado futuro de câmbio, influenciam as cotações à vista e deram prejuízo a empresas em 2008.

— As empresas estão menos alavancadas, então não vamos ver se repetir a explosão do câmbio — prevê o sócio do Banco Modal responsável pelas áreas de câmbio e renda fixa, Luiz Eduardo Portella.

A maioria dos analistas minimiza o impacto das medidas de taxação das operações no mercado de câmbio futuro no movimento de ontem no mercado. Mas, para Portella, as medidas podem no máximo ter reduzido as oscilações. Já para o diretor de câmbio da Renova Corretora de Câmbio, Carlos Alberto Abdalla, o câmbio não subiu mais no pregão de ontem justamente por causa das medidas.

— O dólar poderia estar a R$1,70 — aposta Abdalla, para quem o estresse aumentaria a especulação.

Contratos de juros futuros registram queda

Ontem, os contratos de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F;) fecharam no menor nível em nove meses. Os contratos mais negociados — para janeiro de 2012 e janeiro de 2013 — fecharam, respectivamente, com taxas de 12,26% (queda de 0,65%) e de 11,97% (perda de 2,13%). Para Knauer, do Banco Prosper, investidores já estão considerando a possibilidade de corte na taxa básica de juros (Selic) por causa da redução do crescimento global, mas as cotações de ontem também foram influenciadas pelo estresse geral.



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar