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Setor têxtil já prevê queda no emprego

Veículo: Valor Econômico
Seção: Brasil
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Eduardo Zappia/Valor
Marcello Stewers, da Teka: "Preciso de preços mais competitivos"
No segmento de produtos têxteis, houve alta de 35,57% nas exportações catarinenses no primeiro semestre na comparação com 2010. Em um ritmo semelhante, a entrada de produtos importados cresceu 31,7% no mesmo período. A diferença é que enquanto a indústria local vendeu US$ 38,2 milhões para fora do Brasil, houve a entrada de US$ 621,3 milhões em itens importados.

A entrada de produtos acabados é mais expressiva no segmento de vestuário. Enquanto as exportações retrocederam 22,17%, uma soma de US$ 48,1 milhões, a entrada de importados cresceu 91,36%, atingindo US$ 318,3 milhões.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Blumenau (Sintex), Ulrich Kuhn, a participação de produtos acabados no total de importações por Santa Catarina ficou na ordem de 24% no primeiro semestre. "O volume total de produtos importados cresceu um pouco mais do que o de produtos acabados", explica. "Mas há uma tendência de ampliar a participação desses produtos prontos para o consumo."

Segundo Kuhn, a mudança da cotação do dólar de R$ 1,55 para R$ 1,70 não ajudará a reverter o cenário. O setor também avaliou como pequeno o impacto do programa recentemente lançado pelo governo federal que deverá zerar a alíquota de 20% do INSS, porém vai criar uma taxa de 1,5% sobre o faturamento como forma de compensação.

Para Kuhn, o aumento de importações de maneira gradativa faz com que a indústria perca força. "Vai começar uma redução de quadros mais agressiva no segundo semestre se não houver uma mudança de cenário", diz.

A fabricante de itens de cama, mesa e banho Teka, de Blumenau, mantém um departamento de "outsourcing" desde 2006. Segundo Marcello Stewers, vice-presidente da companhia, a empresa tem aumentado a participação de importados gradativamente. Hoje, cerca de 20% da produção vem de fora, mas há o interesse em expandir para 30%. "Preciso de preços mais competitivos", diz. Segundo ele, a Teka importa felpudos com fibras especiais, insumos de alto valor agregado. "Ninguém descobriu nenhuma estratégia nova, mas em função do dólar fraco ficou muito interessante importar." Os produtos são trazidos da China, Índia e Paquistão

Na avaliação de Stewers, se a entrada de importados continuar nesse ritmo vai haver um processo grande de desindustrialização no país. Com o emprego aquecido na região de Blumenau, a empresa tem utilizado o "turn over" natural para ajustar a sua mão de obra. "Quando sai alguém, não contratamos mais." Ele diz que a Teka tem o cuidado de não canibalizar a sua produção no país, mas que em termos financeiros seria vantajoso ampliar a compra de importados. "Se hoje, hipoteticamente, eu pudesse não ter fábrica no Brasil seria bem mais rentável", diz.

A Teka mantém cerca de 3,9 mil funcionários diretos trabalhando em dois turnos. Em 2009, chegou a operar em três turnos. "A importação é um caminho sem volta. Não tem mais como segurar esta onda", define. (JP)

mento têxtil, a indústria de SC aumentou as exportações em 35,57% no primeiro semestre, mas as importações cresceram 31,7%



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