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Argentina barra eletroeletrônico brasileiro

Veículo: Valor Econômico Online
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Dezesseis altos executivos integrantes do recém-criado Conselho Empresarial Brasil-Argentina terão seus nomes anunciados hoje no almoço que a presidente Dilma Rousseff oferece à presidente argentina, Cristina Kirchner. Receberão a tarefa de sugerir saídas para as disputas comerciais entre os dois países.

Apesar de minimizados pelas autoridades, continuam os problemas comerciais com o vizinho: dados da Eletros, associação dos fabricantes de eletroeletrônicos, indicam que 6,5 mil aparelhos estão retidos na alfândega argentina e 10,5 mil, em estoque, aguardam liberação.

Consultado pelo Valor, o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, não comentou a retenção de eletroeletrônicos pela Argentina. Empresários do setor afirmam que o governo vizinho passou a liberar as licenças de importação, antes atrasadas, mas retém os produtos com pretextos burocráticos, impossibilitando a entrada no país.

Alguns setores, como o de autopeças, têm elogiado o governo pela solução dos problemas nas alfândegas argentinas. Mas, por temor a retaliações do governo vizinho, muitas empresas evitam comentar casos específicos.

Segundo levantamento do setor privado, exportações de setores têxteis, de móveis, de eletrônicos, brinquedos, talheres e outros produtos acabados têm sofrido com a decisão informal do governo argentino de limitar o ingresso de mercadorias estrangeiras ao valor exportado pelos mesmos setores. São usadas, para isso, práticas heterodoxas como retenção na alfândega e ameaças aos importadores.

Além disso, têxteis, pneus, calçados, ferramentas, máquinas, móveis de madeira, unidades condensadoras e parafusos estão entre os produtos com atrasos na liberação de licenças de importação. Os industriais afirmam que foram liberados, em julho, carregamentos de alimentos perecíveis, mas a Secretaria de Comércio Interior não tem permitido que se retirem dos depósitos importações de balas, chocolates, biscoitos e massas. A retenção desses produtos e o cancelamento de compras já causaram prejuízos de US$ 6,5 milhões, segundo exportadores brasileiros.

Dilma quer estabelecer procedimentos técnicos para discussão dessas queixas, e o governo brasileiro alimenta a expectativa que o Conselho Empresarial sirva para dar peso ao setor privado na discussão com os argentinos.

O período eleitoral na Argentina, que terá Cristina Kirchner candidata à reeleição, tem sido acompanhado de temores de fuga de capitais, o que levou governo a adotar medidas de contenção de divisas no país. Desde o fim de 2003 até junho deste ano, o real valorizou-se 50% em relação ao peso argentino, o que não impede os recorrentes saldos favoráveis ao Brasil no comércio bilateral.

No primeiro semestre de 2011, as exportações brasileiras à Argentina superaram em quase US$ 2,5 bilhões as importações originadas daquele país, bem mais que a metade do resultado de todo o ano passado, quando o saldo ficou acima de US$ 4 bilhões a favor do Brasil.



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