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Queda de braço no dólar

Veículo: O Globo
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Queda de braço no dólar

Em meio a uma queda de braço entre grandes investidores do mercado e o Banco Central (BC), o dólar comercial voltou ontem ao seu menor nível desde 18 de janeiro de 1999 (R$1,538), época em que o governo promoveu a maxidesvalorização do real. A moeda recuou 0,13%, cotada a R$1,553, pressionada pela entrada de recursos no país, atraídos pelo aumento taxa básica de juros (Selic) na última quarta-feira e maior disposição a risco de investidores estrangeiros, com a aprovação do socorro à Grécia. Após quatro pregões seguidos de perdas, o dólar encerrou a semana em baixa de 1,52% e acumula um recuo de 6,78% no ano.

Segundo operadores, o BC voltou a intensificar sua intervenção no mercado de câmbio para conter o derretimento da moeda. A autoridade monetária realizou ontem dois leilões de compra de dólares no mercado à vista e retirou US$1,05 bilhão de circulação, segundo estimativas do mercado. Essa foi uma das maiores atuações do BC no mercado à vista em mais de dois meses.


Mercado testa tolerância do BC

Reginaldo Siaca, gerente de câmbio da Advanced Corretora, explica que grandes investidores — bancos e fundos de investimentos, por exemplo — voltaram a testar ontem a tolerância do governo para a queda da moeda americana, movimento que deve se intensificar nos próximos dias.

— Se o Congresso dos EUA aprovar neste sábado o aumento do teto da dívida americana, vai ser uma briga interessante. Vão entrar muitos dólares no país — afirma Siaca.

Segundo Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, o valor de R$1,55 é visto como um piso pelo Banco Central, e o mercado espera que o governo anuncie novas medidas para tentar conter a valorização do real. Segundo ele, embora as medidas tenham pouco efeito a médio prazo, elas criam um clima de cautela nos investidores.

— Sempre que o dólar chega nesses pisos, o governo sinaliza com novas medidas — afirmou Leal.

No mercado cambial internacional, a moeda americana trilhou um caminho contrário e valorizou-se 0,31% frente a uma cesta das seis principais moedas mundiais. O dólar valorizou-se 0,45% frente ao euro.

Para a economista-chefe da BNY Mellon ARX, Solange Srour, a valorização das commodities nos mercados internacionais é outro fator que tem forçado a valorização do real frente ao dólar:

— O fator mais importante para a valorização do real é a continuidade do crescimento da China.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou perto da estabilidade. O Ibovespa, principal índice do mercado, subiu 0,01%, aos 60.270 pontos. Na semana, o índice teve valorização de 1,33%, a primeira alta semanal desde 1º de julho. A maior alta do Ibovespa foi da construtora MRV, de 3,88%, a R$12,31.

Uma das maiores polêmicas das últimas semanas, a ação ordinária da Mundial, fabricante de talheres, esmaltes e alicates, recuou ontem 76,38%, após disparar 1.600% entre 26 de maio e 11 de julho. O presidente da companhia, Michael Ceitlin, disse que o mercado tenta “transformar os boatos num verdadeiro cassino”.

— Estamos sendo vítimas de um assalto especulativo, que desconheço de quem partiu e por que partiu, que infelizmente vai manchar temporariamente a companhia, e que eu espero que passe com a mesma velocidade com que veio — afirmou Ceitlin.

Ontem, a Abril Educação captou R$371,1 milhões com sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O valor por unit (certificado de depósito de ação) da empresa ficou, no entanto, em R$20, abaixo do previsto na oferta, que era entre R$21,75 e R$26,75.

(*) Com agências internacionais



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