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Setor deve contabilizar déficit de US$ 5,5 bilhões no ano

Veículo: DCI
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Rafael Dias

A indústria têxtil brasileira deve fechar 2011 com déficit de US$ 5,5 bilhões em sua balança comercial, movimentando R$ 90 bilhões, conforme dados divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). No semestre o déficit do setor chegou a US$ 2,26 bilhões.

Diante do prejuízo, a entidade afirma que deixou de criar 63% de empregos comparado ao ano anterior, quando registrou 45 mil novos postos no período. "Neste ano, criamos apenas 16 mil vagas", afirma o presidente da entidade, Aguinaldo Diniz Filho. "Por isso, a implantação de medidas para o fortalecer o setor é urgente", acrescenta.

A queda na produção da indústria no primeiro semestre chegou a 0,3% no vestuário e confecção e 11,9% no segmento têxtil, enquanto o varejo cresceu cerca de 6,8%.

"Os importados já representam 22% das vendas. Desde 2003 essa participação cresceu 7 vezes", analisa Diniz Filho. Por isso, o executivo da Abit espera debater o assunto com a presidente Dilma Roussef no mês que vem, quando ela anunciar um pacote de medidas em apoio ao setor.

Conflito

Enquanto a indústria se ressente das perdas, o varejo se posiciona contra medidas protecionistas. A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex) considera o mercado brasileiro ainda "bem fechado". A taxa atual que incide sobre os produtos importados é de 35%, a mais alta permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMS), afirma a entidade, citando ainda uma pesquisa do Instituto de Estudos de Marketing Industrial (IEMI). O estudo mostra que apenas 8% das peças comercializadas no varejo são oriundas do mercado externo, e não só da China.

A entidade acredita que os dados da pesquisa são suficientes para dissolver a argumentação de que a invasão dos produtos importados vem "aniquilando a indústria nacional".

A opinião dos dois segmentos converge somente quando o assunto é o combate à importação de produtos ilegais e o apoio a medidas governamentais no estímulo a inovação do parque industrial brasileiro, e a necessidade de desonerar a folha de pagamento.

Na opinião do CEO da Haco, Alexander Stefan Dattelkremer, este é um ano de ajustes naturais, depois da eleição. Para se proteger, a fabricante de etiquetas de vestuário se associou, no início do ano, a alguns traders do Oriente para fornecer produtos diretamente a empresas brasileiras, como a Hering. Assim, os produtos chegam ao País com as etiquetas nos padrões exigidos pelo mercado.

Para o diretor de Marketing da RVB Malhas, de Santa Catarina, Charles Koschnik, será muito Importante aproximação do setor produtivo com as universidades para estimular a inovação.

Sobre a alta incidência das importações no setor têxtil no estado catarinense, o diretor alega que muitas empresas são atraídas pelos incentivos fiscais locais, utilizando os portos da região para trazer produtos que são mandados para outras localidades.


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