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Brasil continua a ter o juro real mais elevado do mundo, de 6,8%

Veículo: O Globo
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Brasil continua a ter o juro real mais elevado do mundo, de 6,8%

A decisão do Banco Central (BC) de aumentar a Selic para 12,50% ao ano consolidou o Brasil no topo da lista de países com os maiores juros reais do mundo. Segundo projeção da Cruzeiro do Sul Corretora, com o aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica, o Brasil passa a ter juros reais (que descontam a inflação projetada para os próximos 12 meses) de 6,8%.

Em segundo lugar vem a Hungria, com taxa real de 2,4%, seguida pelo Chile, com 1,8%. O ranking tem ainda Austrália (1,4%), México (1,2%), Indonésia (1,1%) e Colômbia (1%). Na outra ponta, aparecem Venezuela (-6,1% de juros reais), Hong Kong (-4,5%), Cingapura (-4,3%), Inglaterra (-3,6%), Estados Unidos (-3,2%) e Canadá (-2,6%). A pesquisa considerou as 40 principais economias do mundo, com uma taxa média de -0,8%.

Pelos cálculos do analista Jason Vieira, da Cruzeiro do Sul, o Brasil só perderia o posto de economia com maior taxa se o Copom tivesse decidido cortar em cinco pontos percentuais a Selic, o que levaria a taxa real para 2,3% ao ano. Nesse caso, a Hungria ficaria em primeiro lugar. O Brasil lidera o ranking dos países com maiores juros reais desde janeiro de 2010. Entre março e dezembro de 2009, o país perdeu a primeira posição para Turquia e China.

— A possibilidade de sair dessa posição é pequena, pelo menos a curto prazo. A preocupação do Brasil com a inflação faz com que o país não consiga se libertar da amarra do aperto monetário — disse Vieira.

 

Impacto no crédito será de no máximo 0,35%

Ainda segundo o analista, a memória inflacionária faz o BC puxar para cima as taxas de juros. Mas o melhor seria cortar os gastos públicos. Para Vieira, é incompatível um crescimento acelerado do país, como quer o governo, com taxas de juros tão altas. Ele defende outras medidas, além do aumento de juros, para fazer um aperto monetário e segurar a inflação. De acordo com o analista, elevação do compulsório e medidas de restrição ao crédito poderiam suprir a necessidade de aperto monetário do governo.

A elevação da taxa básica para 12,50% terá um efeito pequeno nas operações de crédito no varejo, dada a magnitude dos juros atuais para o consumidor. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a taxa média passará de 6,8% para 6,82% ao mês. Isso corresponde a uma variação de 120,71% em 12 meses).

Na hipótese de repasse integral da nova Selic, o juro do cartão de crédito deverá ser reajustado em 0,19%, para 10,71% ao mês, enquanto as taxas no comércio vão avançar 0,35%, para 5,68% ao mês. Já a taxa do cheque especial ficará 0,25% mais alta (8,12% ao mês) e a do empréstimo pessoal pelas financeiras, 0,22% (9,32% ao mês). Proporcionalmente, a maior alta vai para o financiamento de automóveis, que subirá 0,43%, para 2,36% ao mês.

Pelos cálculos da Anefac, a prestação de uma geladeira financiada em 12 meses, por exemplo, ficaria R$2,28 mais alta com a elevação do juro. O preço total financiado passará de R$2.107,20 para R$2.109,48. Para utilizar mil reais do cheque especial por 20 dias, o cliente pagará R$0,13 a mais com a nova taxa. O juro do período, que estava em R$54, ficará em R$54,13. No cartão de crédito, o juro cobrado para a utilização do rotativo de mil reais por 30 dias será de R$0,20 no mês. Com a nova Selic, o juro total será de R$107,10, e não mais R$106,90.



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