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"FT" afirma que economia brasileira é uma "bicicleta difícil de pedalar"

Veículo: O Globo
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"FT" afirma que economia brasileira é uma "bicicleta difícil de pedalar"

O jornal “Financial Times” afirmou ontem, em editorial, que a disponibilidade de crédito em razão do fluxo crescente de capitais para o Brasil e a forte valorização do real ameaçam travar o crescimento econômico do país. Sob o título “Feridas brasileiras”, o jornal britânico de finanças compara a economia brasileira a uma bicicleta: “Ela funciona enquanto estiver em movimento”, adverte o editorial. “Mas agora está ficando difícil pedalar.”

Segundo o jornal, “a única razão pela qual o déficit em conta corrente brasileiro não explodiu são os altos preços das commodities. Mas esse boom não pode durar para sempre”.

Em sua análise da situação brasileira, o “FT” diz que o alto volume de liquidez no país impulsionou o crédito doméstico, mas, agora, os brasileiros veem suas rendas comprometidas com o pagamento de empréstimos, num patamar superior ao dos EUA no período pré-crise.

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O jornal britânico observa que o crescimento do crédito no Brasil apenas pode ocorrer se a renda também continuar a crescer. “É aí que a bicicleta econômica se depara com a trincheira da guerra cambial”, afirma o jornal, observando que o aumento da renda eleva a demanda e a pressão inflacionária, exigindo a alta dos juros, que atraem mais capital, elevando ainda mais a cotação da moeda, aumentando com isso a atração das importações e prejudicando a competitividade das exportações.

“O resultado”, diz o editorial, “ é um déficit em conta corrente mais amplo, e um limite no crescimento exigido nos salários para manter o crédito doméstico crescendo com segurança.”

O editorial sugere que, para contornar o problema, a contenção da valorização da moeda é essencial, mas acrescenta que as tentativas do governo brasileiro com esse objetivo, como controles parciais de capitais e grandes intervenções no mercado cambial, não tiveram sucesso. Outra opção seria o corte de gastos públicos, o que é politicamente difícil. O editorial conclui dizendo que “a bicicleta brasileira ainda não corre o risco de parar, mas está balançando”.



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