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O melhor ano da história para a produção

Veículo: Valor Econômico
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O melhor ano da história para a produção

À luz dos resultados praticamente garantidos pelo agronegócio brasileiro em 2011 e das previsões para os preços internacionais das principais commodities agropecuárias nos próximos anos, a expansão do setor até 2021 poderá ser mais vertiginosa do que projeta o governo.

Embalada por margens recordes em suas principais cadeias, a produção de grãos do país já deverá totalizar 161,5 milhões de toneladas na safra 2010/11, 8,2% mais que no ciclo passado, conforme a Conab. A soja segue como o carro-chefe do campo, com colheita estimada em 75 milhões de toneladas e alta de 9,2%, mas o algodão é o grande destaque da expansão, com incremento de 72%, para 2,1 milhões de toneladas.

Para a soja, calcula a Agroconsult, a margem média sobre o desembolso superou R$ 1,3 mil por hectare no Paraná, quase o dobro da temporada anterior. Em Mato Grosso, onde o clima foi particularmente favorável, o resultado é 90% melhor, estimado em cerca de R$ 850 por hectare. No caso do algodão, são mais de R$ 3 mil por hectare nas regiões produtoras de ponta, enquanto para o milho de alta tecnologia cultivado no Paraná a rentabilidade média deverá superar R$ 2 mil por hectare, ante menos de R$ 800 em 20009/10.

Com crescimentos como esses, garantidos por aumentos nas colheitas - a produção de grãos em 2010/11 será a maior da história - e preços elevados nos mercados externo e doméstico, onde as demandas seguem aquecidas, o Ministério da Agricultura prevê o valor bruto da produção (VBP) das 20 principais lavouras do país em R$ 198,7 bilhões neste ano, 10% acima do apurado em 2010 e também uma nova marca recorde. Nessa lista entra a cana, que deverá obter um VBP quase 10% menor em 2011 (R$ 29,6 bilhões), mas que deve retomar seu fôlego para investimentos no médio prazo.

Segundo a Agroconsult, o cenário sugere a ampliação de investimentos em tecnologia nas lavouras para o ciclo 2011/12, fundamentais para turbinar as produtividades "da porteira para dentro". Exemplo concreto disso é a demanda por fertilizantes, que a partir das vendas registradas de janeiro a maio deverão ultrapassar a barreira de 25 milhões de toneladas neste ano, igualmente um novo recorde.

Mesmo que as turbulências financeiras e incertezas em relação à saúde da economia global tenham tirado suporte das cotações internacionais de commodities, como ocorreu com a soja nas últimas semanas, espera-se que os fundamentos mantenham os preços elevados. O apetite de países emergentes continua firme e o crescimento da oferta permanece um degrau abaixo da escalada do consumo.

Estudo realizado em conjunto pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que, em meio a uma grande volatilidade, os preços de muitas commodities básicas para a produção de alimentos deverão se manter, na próxima década, em altos patamares tanto em termos nominal como real se comparados aos da década anterior (2001-2010).

As cotações devem recuar em relação aos níveis do início de 2011, dependendo do produto, mas, em média, deverão subir até 50% no caso das carnes e 20% no dos cereais nos próximos anos. Nesse contexto, o Brasil deverá ampliar as exportações de praticamente todas as suas principais commodities agropecuárias, mesmo que o câmbio reduza os percentuais de incremento.

Desde o início deste ano, as estatísticas oficiais sobre as exportações brasileiras do agronegócios apontam recordes sobre recordes na receita obtida com os embarques em períodos de 12 meses. Lideradas por soja, carnes, açúcar e álcool e produtos florestais, as vendas ao exterior, anualizadas, estão acima de US$ 80 bilhões. (F.L.)



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