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Brasil deu "tiro de canhão" na Argentina, diz Miguel Jorge

Veículo: DCI
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Brasil deu "tiro de canhão" na Argentina, diz Miguel Jorge


Nesta quinta-feira, em Brasília, os governos do Brasil e da Argentina voltam à mesa de negociações, segundo informou a assessoria do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O secretário executivo do Ministério, Alessandro Teixeira, e o secretário de Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, marcaram o segundo round das negociações para solucionar conflito comercial bilateral.

Até quinta-feira, segundo uma fonte, o governo brasileiro realizará consultas junto ao setor privado para discutir a proposta do governo argentino de estabelecer cotas para os setores mais sensíveis, como máquinas e implementos agrícolas. O setor automobilístico da Argentina afirma que se o impasse não for solucionado até esta semana a indústria local começará a ter problemas no ritmo de produção.

Na sexta-feira passada, o ex-ministro do Mdic Miguel Jorge afirmou que o Brasil precisa ter "paciência" na relação comercial com a Argentina, levando em consideração sua grandiosidade em relação ao vizinho. "Somos para Argentina, guardadas as proporções, o que China é para o Brasil. A população, o Produto Interno Bruto [PIB[ e a produção industrial são algumas vezes maior do que as da Argentina".

O ex-ministro classificou a barreira que o Brasil impôs aos automóveis argentinos como "tiro de canhão" e lembrou que situação é de atrito, mas acredita em resolução. "Essa questão é muito episódica. No meu período como ministro, também ocorreram questões como essa. Nós sempre chegamos a um acordo."

Miguel Jorge defendeu também que o Brasil precisa ser mais competitivo para concorrer com os produtos chineses. "Precisa reduzir carga tributária, custos trabalhistas, já que competimos de forma desigual com a China, onde os salários são muito baixos e não existem benefícios para o trabalhador", afirmou.

"Devemos tratar a China como parceiro especial. Eles são grandes exportadores, mas também podem ser consumidores dos nossos produtos manufaturados", disse, lembrando que 80% das exportações brasileiras são de commodities e de minério de ferro. Temos que fazer esforço, para conhecer o mercado chinês, para entrar lá. A China é um jogador importante no mercado mundial e temos que tirar o melhor disso." Miguel Jorge criticou o setor industrial brasileiro que importa peças chinesas para a produção local, mas também criticou a entrada de produtos provenientes do país asiático. "Tem muita coisa que é mais barata do que custo de produção e corrigimos essa deformação do comércio, mas sou contra medidas protecionistas defendidas por alguns setores"

Mesmo com seus automóveis sendo liberados a conta-gotas para entrada no Brasil e com a ameaça do ministro de Desenvolvimento, Fernando Pimentel, de expandir as licenças não automáticas para outros produtos, a Argentina transmite confiança em um desenlace para a crise comercial entre os dois países.

A ministra de Indústria, Débora Giorgi, disse que "negociações com o Brasil vão prosperar porque se trata de um sócio estratégico e existe boa vontade política".


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