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Conservar o talento

Veículo: Portugal Têxtil
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Conservar o talento

Na procura por salários e custos baixos, as empresas de vestuário estão a enfrentar cada vez problemas ao nível do talento, desde a falta de trabalhadores qualificados até funcionários pouco motivados e uma alta rotatividade de pessoal. As preocupações estendem-se agora ao futuro, no incentivar da próxima geração.



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Conservar o talento

Segundo Susan Jennion, directora de desenvolvimento e aprovisionamento de produto da marca dENiZEN da Levi Strauss, a questão do talento tem duas vertentes: desenvolvimento e retenção. «Ficamos frustrados pela fábrica porque não conseguem interpretar o que queremos e eles ficam frustrados quando o comprador faz exigências ridículas ou não está claro em relação ao que quer», afirmou a responsável aos delegados no Prime Source Forum em Hong Kong no início de Abril.

«A questão é como vamos desenvolver talento no sector do vestuário? Eu realmente vejo a necessidade de aumentar o nível de competência geral, em cada etapa da cadeia de aprovisionamento e em cada área e departamento; nos trabalhadores de confecção como nas equipas criativas e técnicas. Há também a questão da retenção do talento», explicou Jennion, que acrescentou ainda que «precisamos de começar a criar espaço dentro das nossas organizações e dentro das nossas cadeias de aprovisionamento para dar lugar às pessoas para poderem se desenvolver e ter acesso a conhecimentos e competências».

Edwin Keh, professor na Wharton Business School da Universidade da Pensilvânia e ex-vice-presidente sénior e director de operações da Wal-Mart Global Procurement, partilha esta opinião. «Porque estamos surpreendidos que exista uma escassez de mão-de-obra na China e nos países em desenvolvimento, quando oferecemos às pessoas a oportunidade de trabalharem pelo salário mínimo, em condições precárias e sem futuro?», questiona.

«E se mudássemos a nossa forma de recrutar jovens e, em vez disso, oferecêssemos competências para a vida, a oportunidade de serem promovidos e também de se sustentarem? Se pudermos não oferecer um beco sem saída, mas uma carreira, um desafio e uma oportunidade, obteremos as pessoas melhores e mais brilhantes. Precisamos ser mais ponderados sobre os desafios laborais, pois estamos a trabalhar com a próxima geração e necessitamos de mudar a nossa forma de trabalhar com eles», concluiu Keh

Do ponto de vista do fornecedor, Carlos Arias, presidente da Denimatrix, fabricante de jeans da Guatemala, acredita que a retenção de talentos é um trabalho árduo por parte do empregador. «Temos que tratar as nossas pessoas com imenso respeito [ao longo de toda] a sua carreira profissional. Trata-se de fazê-los sentir que têm uma vocação, discutindo as suas opções e entendendo o que estão a procurar. É necessário trabalhar activamente para mantê-los, mas isso não acontece apenas por ser-se simpático», apontou Arias.

Arias também referiu que «a forma de reter talento é fazendo perguntas e tentando compreender os seus trabalhadores. E o que realmente faz funcionar é fazer coisas que as pessoas sugerem. O reconhecimento é muito importante. Ouça o máximo possível e tenha em séria consideração o que estão a dizer. Isto é o que faz uma empresa ser boa, má ou indiferente».

De acordo com Andrew Sia, presidente e director executivo da ACE Style Intimate Apparel, a formação é «um processo contínuo», assim como a manutenção dos novos designers na empresa.

Num país de custos elevados como a Alemanha, onde Joachim Hensch é chefe de design de padrões e desenvolvimento técnico na Hugo Boss, os programas de formação na área de desenvolvimento de produtos e design de padrões têm a duração de quatro anos. «Como somos um país de salários elevados e enfrentamos a concorrência mundial, temos efectivamente de nos preocupar. Temos que ter uma abordagem de longo prazo e investir nas pessoas. E quando se investe nas pessoas, temos retorno», indicou Hensch.

Já Árias concluiu que «as empresas competem, os países não competem. E as empresas que são bem geridas em qualquer local do mundo vão competir com outra empresa que é bem gerida em qualquer local do mundo. E isso requer talento».


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