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Negociações terminam sem acordo para Brasil e Argentina

Veículo: DCI
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Negociações terminam sem acordo para Brasil e Argentina

O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, e o secretário da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, não conseguiram chegar a uma solução formal para o impasse nas relações bilaterais entre os dois parceiros comerciais com maior importância no Mercosul.

De acordo com o comunicado do ministério argentino, durante os dias 23 e 24 de maio de 2011 diversas propostas foram apresentadas e discutidas nas reuniões com diversos representantes dos dois governos, e os únicos "meios" que foram encontrados para amenizar as questões foram: a liberação gradual das licenças não automáticas para os produtos brasileiros e argentinos parados na fronteira, bem como novos encontros mensais para consolidar uma agenda de negociações permanentes.

Em suma, a viagem de Teixeira a Buenos Aires só aumentou de quatro para doze reuniões entre os representantes dos dois governos ao ano, ao passar de uma reunião por trimestre para uma reunião por mês.

"Ambos os governos concordaram em fortalecer as atividades para promover o desenvolvimento de produtos integrados e definir uma agenda de questões estruturais, com especial ênfase para os sectores sensíveis e estratégicos para cada país. No que diz respeito a licenciamento não-automático de importações, as partes realizaram progressos nas negociações para liberar gradualmente as licenças pendentes", aponta o documento do ministério argentino.

"Não há avanços práticos de curto prazo" para os produtos brasileiros barrados pela Argentina, reconheceu Teixeira.

Além de não sair com nenhuma solução para os impasses comerciais, Bianchi não apresentou nenhuma pauta para ser discutida entre os ministros brasileiro (Fernando Pimentel) e argentina (Débora Giorgi) em reunião pré estipulada para junho.

"Os secretários vão se reunir em breve com vista a aumentar a compreensão e empenhada em garantir uma base mensal para as reuniões do Monitoramento do Comércio Bilateral", frisou no documento divulgado.

Teixeira informou que os dois países vão realizar uma nova reunião bilateral dentro dos próximos 15 dias, em data ainda a ser marcada, conforme a disponibilidade da agenda dele e do secretário de Indústria argentino, Eduardo Bianchi.

Usando um tom de conciliação e sempre tratando de minimizar a crise no comércio bilateral, Teixeira afirmou que os sócios não se sentaram durante os últimos dois dias para chegar a um acordo específico sobre o fluxo comercial. "As reuniões foram em um clima muito bom e não tratamos só de problemas, mas de monitoramento do comércio (...) Não viemos aqui com uma proposta fechada, nem com a expectativa de receber uma proposta da Argentina para fechar um acordo", disse Teixeira.

"Essa primeira reunião foi para que colocássemos dados na mesa, porque nós temos números que, às vezes, não são os mesmos do governo argentino", reconheceu.

Cuidadoso com as palavras, o secretário evitou expressões que pudessem evidenciar o fracasso das negociações e a existência de fortes divergências entre os dois países sobre o volume e segmentos da indústria brasileira que estão sendo prejudicados pelas barreiras argentinas.

"Não é que existam divergências, mas as estatísticas, às vezes, não são apuradas de maneira iguais", justificou.

Uma fonte brasileira que acompanhou as discussões disse que "a negociação não está fácil não". A fonte explicou que a Argentina não quer ceder na ampliação da oferta brasileira em seu mercado de máquinas e tratores agrícolas, pneus, calçados, têxteis, eletrodomésticos, alimentos e demais produtos nacionais que estão impedidos de entrar no mercado do sócio.

No entanto, a Argentina insiste em que o Brasil libere com celeridade as importações de automóveis. "Eles esperavam, a rigor, que o Brasil suspendesse a aplicação de licenças não automáticas para os automóveis, mas nós deixamos claro que isso não é possível porque as licenças são para controlar o fluxo de importação também de outros países", disse a fonte. "O que nos comprometemos com a Argentina é dar maior rapidez à liberação das importações de automóveis na medida que houver proporcionalidade", completou a fonte.

Segundo um técnico do Mdic, o objetivo da reunião era de sair com um acordo fechado e, com isso, evitar que o problema fosse negociado pelos ministros Pimentel e Giorgi. "O Brasil não está disposto a flexibilizar a regra de licenças não automáticas sem a contrapartida do governo argentino", disse o técnico.

Há duas semanas, o governo brasileiro decidiu suspender a licença automática para os automóveis importados. A medida afetou 50% do comércio argentino com o Brasil. A regra é a mesma que a Argentina tem adotado com os produtos brasileiros que ficam retidos nas alfândegas do país. Após troca de cartas e conversas telefônicas, este foi o primeiro encontro entre representantes brasileiros e argentinos.

7.229Comércio Exterior


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