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Balança será prioritariamente de matéria-prima, diz Ipea

Veículo: DCI
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Balança será prioritariamente de matéria-prima, diz Ipea

O ciclo atual de valorização das commodities tem contribuído para ampliar significativamente a participação destas na pauta brasileira de exportações, e ao mesmo tempo reduzir a incidência de produtos com maior valor agregado nas vendas internacionais, principalmente após a crise financeira de 2008. "Todo ganho recente de participação do Brasil nas exportações mundiais se explica pelo ganho de participação em commodities. O País, desde 2006, vem perdendo market share nas exportações em todos os outros grupos de produtos", explicam Fernanda De Negri e Gustavo Varela Alvarenga, técnica e estatístico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

As economias em desenvolvimento, com destaque para a economia chinesa, é um dos principais motores do crescimento mundial. A consequência desse cenário para o Brasil é o aumento nos preços internacionais das matérias-primas e a alta na participação no comércio mundial.

Como resultado, as commodities primárias, que representavam 11,6% das exportações mundiais em 2000, atualmente representam mais de 13% do total. Este ganho de participação no mercado mundial não foi, contudo, tão intenso quanto o que está acontecendo na pauta de exportações brasileira. "É bom relembrar também que a maior fatia do comércio internacional continua sendo composta por produtos industriais de alta e média intensidade tecnológica. Estes produtos ainda representam cerca de metade dos fluxos de comércio, embora somassem 56% em 2000", aponta o estudo do Ipea.

"No caso brasileiro, a ampliação da participação das commodities nas exportações foi de uma intensidade sem precedentes, pelo menos nos últimos 15 anos. Desde os anos 1990, a participação destas nas exportações brasileiras oscila ao redor dos 40%. Entre 2007 e 2010, esta participação saltou 10 pontos percentuais (p.p), e alcançou 51% das exportações", disse De Negri.

Paralelamente a isso, também ocorreu um ganho de market share do Brasil nas importações chinesas. A China importa, hoje, mais de US$ 1 trilhão ao ano. Em 2000, o Brasil participava com 0,49% destas importações, enquanto hoje responde por aproximadamente 2%. Em 2000, o Brasil fornecia aproximadamente 2,5% das commodities importadas pela China, e chegou a 2009 com uma participação de mais de 8% neste mercado.

"A China é, no entanto, apenas o exemplo mais expressivo do movimento que ocorreu com a pauta de exportações brasileiras, de modo geral", frisa Alvarenga.

Market share



Em 2000, o Brasil respondia por apenas 0,88% do comércio mundial de bens, e chegou a 2009 com uma participação de 1,26%. Apesar do avanço significativo, é possível observar que estes ganhos estão concentrados no grupo commodities, no qual o Brasil passou a representar 4,66% das exportações mundiais, ante 2,77% em 2000.

Neste período, o Brasil perdeu espaço nas exportações de alta intensidade tecnológica, setor em que representava 0,52% do comércio mundial em 2000, e passou a representar 0,49% em 2009. O market share neste tipo de produto, porém, é bastante volátil e depende muito do desempenho do setor aeronáutico.

Nos produtos de média intensidade tecnológica, entre os quais estão automóveis e máquinas e equipamentos, por exemplo, o Brasil ganhou market share de forma significativa entre 2000 e 2006, mas começou a perder espaço desde então.

Somando-se os produtos de média e alta intensidade, o Brasil detinha 0,57% das exportações mundiais em 2000, alcançando 0,71% em 2006 e após esse período houve uma perda significativa e em 2009 detém 0,6% do mercado mundial.

A valorização cambial tem um papel relevante nesse cenário. Em janeiro de 2011, a taxa de câmbio efetiva real estava mais de 25% valorizada em relação ao nível observado durante 2005.

"Nesse sentido, certamente, a taxa de câmbio vem reduzindo a rentabilidade das exportações e afetando de forma mais contundente os produtos industriais. Entretanto, intervenções governamentais para amenizar o fluxo de capitais", informa a entidade.

Tais observações remetem ao cenário, incerto, de desindustrialização, que neste caso, é apontado pelos executivos do Ipea como "prematuro", em um cenário de crescimento econômico que é bastante duradouro quando comparado com a história recente do país, e que só foi brevemente interrompido em 2009, em virtude da crise."


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