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Veículo: O Estado de São Paulo
Seção: Economia e Negócios
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Coteminas entra em empresa de produção e comércio de soja e algodão

Empresas da família Gomes da Silva se associam a uma produtora de grãos e a uma trading para criar a [br]Cantagalo General Grains, que já nasce com uma aporte de R$ 90 milhões dos sócios e uma área de plantio de 151 mil hectares

Maior produtora de artigos de cama, mesa e banho do País, a Coteminas vai entrar para o agronegócio. Na última sexta-feira, assinou acordo para criar a Cantagalo General Grains em sociedade com a Encorpar (empresa de investimentos da família Gomes da Silva, do ex-vice-presidente José Alencar, morto este ano), a Agrícola Estreito e a trading GFN Agrícola. Trata-se de uma produtora e comercializadora de grãos, especialmente soja e algodão.

A Cantagalo já nasce com um aporte de cerca de R$ 90 milhões e uma área de 151 mil hectares. São fazendas que já pertenciam aos sócios. É um número expressivo nesse setor. A Maeda, por exemplo, uma das maiores produtoras de algodão e de soja do País, tem 85 mil hectares de área plantada - entre terras próprias e arrendadas.

Juntas, Coteminas e Encorpar serão donas de metade da companhia. A Agrícola Estreito terá 25% e a GFN Agrícola, os outros 25%. A gestão do negócio, no entanto, ficará com os sócios minoritários: Vilson Vian, da GFN, e Paulo Roberto Moreira Garcez, da Agrícola Estreito. Foram eles que procuraram a Coteminas para firmar a parceria.

O papel da Coteminas será mais de investidora, segundo Josué Christiano Gomes da Silva, presidente da Coteminas. "O agronegócio é extremamente competitivo, uma das áreas em que o Brasil mais se destaca", diz o empresário. "Com a Cantagalo, as nossas fazendas deixarão de ser apenas um apêndice de uma atividade industrial maior. Elas agora serão muito mais bem aproveitadas."

De acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores, entram no acordo imóveis rurais da Coteminas e a Fazenda do Cantagalo, da Encorpar, localizados nos Estados de Minas Gerais e de Mato Grosso, com uma área total de aproximadamente 33 mil hectares.

Empreendedores. Gaúcho, Vilson Vian, da GFN Agrícola, fez parte de uma geração de pequenos agricultores de grãos do Rio Grande do Sul que desbravaram a região Centro-Oeste décadas atrás, ajudando a transformá-la numa espécie de "celeiro" do País. Hoje, ele é produtor agrícola em grandes propriedades.

Já Paulo Roberto Garcez, da Agrícola Estreito, era o principal executivo e acionista minoritário da trading e produtora de grãos Multigrain, adquirida ontem pela Mitsui (ver ao lado).

Embora seja um industrial típico, Gomes da Silva diz que sempre esteve ligado ao campo. A Coteminas é a maior consumidora de algodão do Brasil.

PARA LEMBRAR

Grupo tem atuação global no setor têxtil

A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas) foi fundada em 1967 pelo ex-vice-presidente da República, José Alencar. A empresa deu um grande salto em 1991, quando decidiu abrir seu capital na Bolsa e investir no aumento de sua capacidade de produção, tendo como objetivo ganhar escala para competir com os importados. Em 1998, dá mais um grande salto, com a compra das marcas Artex e Santista. Com isso, deixou de ser uma fabricante de fios para se tornar uma companhia de bens de consumo. Em 2005, a Coteminas se fundiu com a americana Springs, criando uma das maiores companhias do setor têxtil do mundo.