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Têxtil busca sustentabilidade

Veículo: Diário do Nordeste
Seção: Processos e Equipamentos
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Têxtil busca sustentabilidade



São Paulo. Produzir moda sem agredir o meio ambiente – e com responsabilidade social – já é possível no País, segundo alguns especialistas. Com compromisso e capital para investimentos em tecnologia e pesquisas, a cadeia têxtil e de confecção nacional ensaia passos mais firmes rumo à sustentabilidade. Hendrick Lezec, professor do curso de Design e Moda da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que, de maneira geral, ações mais críticas e de maior impacto ambiental, como o tratamento dos efluentes, já são realizadas pelas grandes indústrias têxteis brasileiras. O desafio será incluir os pequenos fabricantes.

Para Lezec, as indústrias nacionais, principalmente as pequenas, deverão trabalhar em ações mais impactantes, como tratamento dos seus efluentes para, em seguida, iniciarem pesquisas em seus processos, objetivando o consumo racional de água e produtos químicos. Ele cita o processo de fabricação de jeans, que utiliza grande quantidade de corantes, cujos resíduos eram despejados nos rios, até um passado bem próximo, causando grande prejuízo ao ambiente. “Hoje no processo produtivo das grandes empresas têxteis isso não ocorre. O problema está nas pequenas empresas, que fabricam o jeans sem controle algum sobre seus resíduos químicos”.

Os produtos ecofriendly acabam sendo bem mais caros ao consumidor, uma vez que as empresas repassam os gastos em pesquisa e desenvolvimento ao custo na ponta. “Além disso, tem uma fatia de consumidores que estão dispostos a pagar mais caro por estes itens”, frisa Lezec. Porém, a sustentabilidade nos processos produtivos têxteis, segundo ele, é um caminho sem volta. E começa no design de moda, passa pela produção matéria-prima no campo, confecção de fios e tecidos e chega aos acabamentos.

Tecnologia de ponta

Uma amostra do que as empresas vêm fazendo pode ser vista na última edição da Feira de Tecnologia e Equipamentos para a Indústria têxtil (Tecnotêxtil Brasil 2011), realizada recentemente em São Paulo. Segundo Hélvio Roberto Pompeo madeira, sócio-proprietário do Grupo FCEM, que organiza o evento, a cada ano cresce o número de expositores que apresentam as experiências de preservação ao meio ambiente em sua produção, além daqueles que investem em campanhas para conscientizar o público a adquirir produtos ecologicamente corretos. “O grande vilão da indústria têxtil nas questões ambientais é o processo de tingimento e tinturaria”, explica.

Na feira, uma das precursoras na linha da sustentabilidade foi a Agabê. Com sede em São Paulo, a empresa comercializa removedores ecológicos de resíduos de tintas têxteis. A mistura é oriunda de compostos ativos biodegradáveis, capazes de remover resíduos de tintas mesmo secos. A vantagem destes produtos é que eles não são inflamáveis e nem perigosos para serem transportados, evitando acidentes na hora do manuseio.

Já a Ivape, também de São Paulo, que comercializa máquinas têxteis, é outra empresa que atua tendo a preservação ambiental entre seus focos de trabalho. Parte dos equipamentos comercializados por ela apresenta em suas linhas soluções e tecnologias que visam o baixo impacto ambiental, através da economia de energia elétrica, água, vapor, de produtos químicos e corantes.

A Adar Tecidos, por sua vez, realiza coleta seletiva de resíduos em suas unidades, além de fazer o tratamento da água usada na produção, por meio de uma parceria com a companhia de abastecimento de água e esgotamento de São Paulo, a Sabesp. A empresa possui três fábricas – São Paulo, Poá e Três Lagoas – com capacidade para produzir 800 toneladas mensais de tecidos.

Exemplo catarinense

A NS Importação e Comércio, localizada em Blumenau (SC), vem, ao longo de seus 30 anos, desenvolvendo práticas sustentáveis na linha de produção. A empresa possui três divisões – têxtil, sincronizada e química. “Desde o início de nossa operação, nos preocupamos em criar uma empresa ecologicamente correta”, diz o gerente da divisão química, John Carlos Teske.

A planta da divisão química da empresa não possui ralos nem efluentes que vão para o esgoto. Segundo Teske, a unidade tem um isolamento que impede a contaminação do meio ambiente. “Os resíduos químicos são coletados, colocados em contêineres e levados para a estação de tratamento da divisão de tinturaria”, completa.
Os produtos também são elaborados com o mínimo de energia possível. A empresa otimizou o processo de produção para aproveitar a temperatura gerada pela reação química. Hoje, a NS é um exemplo na região de Blumenau e seus técnicos realizam palestras sobre suas ações em escolas e universidades. “Tentamos transmitir a nossa experiência para as novas gerações”, explica Taske.

Um dos motivos que levou a NS a priorizar a sustentabilidade foi o contato com clientes internacionais. “Quem exporta tem um cuidado muito maior. Vemos que grande parte dos clientes estão muito ligados ao assunto, exigem ISO 14000 e 14001, e querem produzir com economia em escala e custos”, explica a gerente de compras e negociações internacionais, Miriam Krug.

 



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