Notícias

Com instabilidade da bolsa e recuo do dólar, ouro é melhor investimento do mês

Veículo: Blog da Indústria Têxtil
Seção:
Página:


petrúcio josé  rodrigues

Com instabilidade da bolsa e recuo do dólar, ouro é melhor investimento do mês


Com instabilidade da bolsa e recuo do dólar, ouro é melhor investimento do mês

SÃO PAULO – A resiliência mostrada pelo Ibovespa  em fevereiro e março ao cenário conturbado nos mercados não se repetiu no mês de abril. A deterioração do panorama inflacionário, a temporada de resultados mista e a instabilidade externa pesaram e o índice fechou o mês com baixa de 3,58% - a pior aplicação do mês.

O principal índice da bolsa foi seguido de perto pelo dólar medido pela taxa Ptax, que recuou 3,40% em abril. 

Na ponta positiva das rentabilidades aparece o ouro negociado na BM&F, que subiu 1,40% depois de registrar estabilidade em março. A commodity, bastante procurada em períodos de instabilidade na renda variável, bateu recordes no mercado global durante o mês de abril.

Descontada a inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercados), quase todas as aplicações ficaram no campo positivo - a exceção fica exatamente com a bolsa e com o dólar. A caderneta de poupança, por sua vez, quebrou uma sequência de oito meses de retorno real negativo, e encerrou o mês com leves ganhos. 

* Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,45% em abril de 2011** Deduzida a variação do IGP-M que ficou em 0,62% em março de 2011*** Taxa Efetiva Andima**** Taxa pré 30 dias

Destaques do cenário externo

Na Ásia, os olhos do mercado seguem voltados para os efeitos dos terremotos no Japão e para o cenário inflacionário chinês. O país voltou a elevar o juro básico e o compulsório para tentar conter a alta dos preços, depois de sua economia crescer mais do que o esperado no primeiro trimestre.

Na Europa, além da elevação do juro básico pelo BCE, a crise fiscal voltou a trazer novos desdobramentos. No início do mês, Portugal cedeu e pediu ajuda da União Europeia e do FMI (Fundo Monetário Internacional), tornando-se o terceiro dos PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Espanha e Grécia) a precisar de socorro externo. O país também teve seu rating rebaixado pela Moody’s.

Mas as novidades sobre notas de classificação de risco mais significativas se deram fora do continente europeu, com a elevação do rating brasileiro pela Fitch e a colocação do rating norte-americano em perspectiva negativa pela Standard & Poors. A decisão da S&P foi impulsionada pela novela envolvendo a aprovação do orçamento dos EUA para 2011 e assustou os mercados acionários no dia, mas foi ignorada pelo mercado de bonds, já que a notícia de que a dívida norte-americana é enorme não foi considerada uma novidade.

Ainda nos EUA, o Fomc (Federal Open Market Committee) optou por não alterar o QE2, que acaba mesmo em junho, ou a linguagem sobre a Fed Funds Rate, mesmo depois de a última ata do comitê indicar certa discordância a respeito da estratégia de saída da política monetária acomodativa.

A última reunião do Fed, contudo, trouxe algumas novidades: a primeira delas foi a elevação das projeções para inflação e redução das expectativas para o PIB do país para este ano. Mas ganhou mais atenção a coletiva realizada por Ben Bernanke, presidente do Fed, logo após a reunião. Além de explicar mais a fundo as decisões do Comitê, o chairman falou dos motivos para a lenta recuperação e das perspectivas para a economia dos EUA e afastou a possibilidade de um QE3.

Além disso, Bernanke disse esperar um crescimento fraco para o PIB do país no primeiro trimestre – divulgado no dia seguinte, o indicador mostrou avanço de 1,8% no período, praticamente em linha com as estimativas. Os demais dados da agenda seguiram mistos.

Inflação e câmbio, câmbio e inflação

No Brasil, a inflação e o câmbio seguiram como temas centrais. Mesmo com a indicação de deterioração das expectativas inflacionárias – mostrada pelo relatório Focus semana após semana – o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) optou por diminuir o ritmo de elevação da taxa Selic, que subiu 25 pontos-base, para 12% ao ano.

A decisão, que não foi uma surpresa, mas também não agradou boa parte do mercado, fez com que o assunto fosse abordado constantemente pelas autoridades do País. A presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do BC Alexandre Tombini garantiram que o governo segue muito atento à alta dos preços, e comprometido com o combate à inflação. A indicação da ata do Copom de um aperto monetário mais longo também recebeu bastante atenção.

Além das mudanças na taxa básica de juro brasileira, Tombini defendeu o uso de medidas macroprudenciais para conter a inflação. Entretanto, o presidente do BC reconheceu que a pesada entrada de capital externo reduz a eficácia das ações de política monetária por aqui.

Apesar da queda contínua durante todo o mês – a baixa em abril foi de 3,56% - as medidas para tentar barrar a desvalorização do dólar se concentraram na primeira metade do mês. O governo anunciou a extensão do prazo de vencimento das captações de empréstimos no exterior sujeitas à tributação por IOF de 6% para 720 dias, o aumento do IOF em operações de crédito para pessoas físicas e a exigência de câmbio simultâneo para operações de renovações, repactuação e assunção de empréstimos externos.

Noticiário corporativo e pontas do Ibovespa

A temporada de resultados trouxe números trimestrais de empresas de peso no final do mês, como Bradesco (BBDC4), grupo Oi (TNLP3, TNLP4, BRTO4), Redecard (RDCD3), Santander (SANB11), Natura (NATU3), Lojas Renner (LREN3), e Usiminas (USIM3, USIM5). Em meio ao bom momento do setor e repercussão positiva dos resultados, a Lojas Renner teve a maior valorização do índice no mês, com ganhos de 12,47%.

Além do resultado fraco, a Usiminas – que viu suas ações PNA recuarem 18,23% e ficarem com o posto de maior queda do Ibovespa no mês – também ficou em foco devido ao noticiário envolvendo seu controle acionário. A CSN (CSNA3) elevou sua participação nas ações ON da empresa para pouco mais de 10%, indicando interesse em integrar o bloco de controle e o conselho da siderúrgica mineira. A empresa, contudo, não viu o movimento com bons olhos. Ainda em movimentações societárias, a Vivo (VIVO4) e a Telesp (TLPP4) aprovaram a incorporação das ações. 

Os papéis do grupo EBX também amargaram fortes quedas em abril. O movimento ganhou força após a divulgação da estimativa de volumes da OGX Petróleo (OGXP3) nos campos de Campos, Parnaíba e Colômbia. A repercussão inicial dos números foi amplamente negativa e os ativos da empresa desabaram 17% na sessão seguinte, derrubando também outras ações do grupo comandado por Eike Batista.

As companhias mais líquidas do Ibovespa também trouxeram novidades aos investidores. No caso da Vale (VALE3, VALE5), a confirmação da saída de Roger Agnelli como CEO e a nomeação de Murilo Ferreira para o cargo agitaram o mercado no início do mês, levantando a questão da interferência política do governo na empresa. 

A mineradora também lidou com a notícia de que o STJ aprovou, por unanimidade, que a empresa pague R$ 300 milhões ao fundo Petros. No front de fusões e aquisições, a Vale anunciou que seu conselho aprovou a compra de uma fatia de até 9% do capital da NESA, empresa responsável pela usina de Belo Monte, uma oferta de US$ 1,12 bilhão por ativos de cobre na África e a expansão da Samarco, com investimento total de US$ 3 bilhões.

A Petrobras (PETR3, PETR4), anunciou o pagamento de dividendos, a assinatura de acordos de cooperação com Sinopec e Sinochem, descontos no preço do gás natural, a aquisição da Innova e o cancelamento da licitação de quatro sondas de perfuração. A estatal também lidou com especulações sobre o aumento do preço da gasolina – além de notícias sobre a importação do combustível - e com o rebaixamento de seu rating em moeda local pela Fitch, e foi apontada pela Forbes como 8ª maior empresa de capital aberto do mundo.

Por fim, nesta sexta-feira, a Folha de São Paulo afirmou que a empresa será cobrada por uma dívida de R$ 15,5 bilhões pela Receita Federal. A petrolífera ainda não confirmou a informação.

Investimento

Abril

Real*

Março

Real**

Ibovespa

 -3,58%

 -4,01%

+1,79%

+1,16%

CDI***

 +0,84%

 +0,39%

+0,92%

+0,30%

CDB ****

 +0,94%

 +0,49%

+0,92%

+0,30%

Poupança

 +0,54%

 +0,09%

+0,54%

-0,08%

Ouro

 +1,40%

 +0,95%

 0,00%

 -0,62%

Dólar Ptax

 -3,40%

 -3,83%

-1,96%

-2,56%

IGP-M

+0,45%

-

+0,62%

-



Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar