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Falta de mão de obra atrapalha indústrias

Veículo: DCI
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Falta de mão de obra atrapalha indústrias

A escassez de mão de obra qualificada e especializada tem representado uma grande preocupação das indústrias de diversos setores do Brasil inteiro, principalmente na região de Campinas. É o que afirma a pesquisa de sondagem industrial elaborada pela Faculdades de Campinas (Facamp), realizada em parceria com o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) regional Campinas. No estudo, os dados apontam justamente a falta de mão de obra qualificada como o principal desafio a ser enfrentado pelos empresários da região metropolitana de Campinas (RMC).

O segundo grande desafio se refere às altas taxas de juros. Os resultados da pesquisa foram divulgados ontem na sede do Ciesp Campinas. A sondagem aponta que metade dos empresários consultados respondeu que a falta de mão de obra especializada prejudica, principalmente, a busca de eficiência e a redução de desperdícios na empresa.

Para 18,2% dos respondentes da pesquisa, a escassez de mão de obra especializada prejudica o desenvolvimento de novos produtos. Esse mesmo percentual de respondentes (18,2%) considerou a qualidade dos produtos como o principal prejuízo. Somente 6,1% analisaram a aquisição e assimilação de novas tecnologias como o principal dano para as empresas da falta de mão de obra especializada.


Produção

A pesquisa evidenciou que para 63,6% dos empresários a área mais afetada pela falta de mão de obra especializada na empresa é a produção. Para 21,2% dos entrevistados, a falta de mão de obra especializada afeta todos os setores da empresa. Foi identificado também que 9,1% dos ouvidos assinalaram a área de pesquisa e desenvolvimento e 6,1% a área administrativa e gerencial como a mais prejudicada.

O coordenador adjunto do Curso de Ciências Econômicas da Facamp, José Augusto Ruas, disse que essa falta de mão de obra tem levado os empresários a investirem parte de seu faturamento para esta qualificação. A sondagem mostra que 82,7% dos entrevistados tem buscado essa solução para enfrentar o problema. Na avaliação de José Ruas todos os setores produtivos enfrentam dificuldades de mão de obra qualificada e especializada, mas alguns deles se ressentem mais.

"São vários setores que encontram problemas de mão de obra especializada, mas existem alguns deles onde o problema é maior. Esse crescimento de falta de mão de obra é acumulativo. Tem alguns setores da indústria e de serviços brasileiros que deixaram de crescer. Tem empresários que quando respondem à sondagem reconhecem que passaram 20 anos demitindo soldador e torneiro mecânico, então o jovem quando entra no mercado de trabalho se preocupa em aprender novas tecnologias em setores que estão crescendo. Nesses setores a gente formou mão de obra nos últimos anos. Nos setores com demissões e salários caindo os jovens se desinteressaram. Isso passa por um processo de revalorização e de reconstrução dessas categorias inclusive pela elevação do salário", explica o coordenador adjunto do Curso de Ciências Econômicas da Facamp.

A pesquisa identificou também que com relação às importações 25% das empresas importaram no primeiro trimestre deste ano. Desse total, 75,8% adquiriram matérias primas no exterior. Isso evidencia que as indústrias da região estão deixando de adquirir insumos de empresas nacionais para importar mostrando claramente um processo cada vez maior de desindustrialização.

O levantamento mostra também que a importação de insumos industriais e de produtos industrializados contabilizou 9,1%, respectivamente. As importações tem representado uma participação importante no faturamento para 83,6% dessas empresas, correspondendo a 25% do faturamento. Dentro deste quadro, 85,7% das empresas importaram matérias primas. Para 13,7% das empresas, as importações representam entre 26% e 50% de seu faturamento. Na faixa superior a 51% de participação no faturamento foi indicado por 2,8% das empresas pesquisadas.


Importados

A China é o principal fornecedor de produtos importados na RMC. Em janeiro deste ano a China tinha 25% de participação no mercado regional. Em fevereiro passou para 38,9% e em março para 50%. A União Europeia passou de 43,8% em janeiro para 33,3% em fevereiro e em março está em 25%. Já os Estados Unidos passaram de 31,3% em janeiro para 27,8% em fevereiro e em março 20,8%.

O diretor do departamento de Comércio Exterior do Ciesp Campinas, Anselmo Riso, acredita que a viagem da presidente Dilma Rousseff à China traga resultados positivos de médio a longo prazo, pois procurou mostrar aos chineses a qualidade dos produtos brasileiros de maior valor agregado para aquele mercado oriental. Mesmo assim Anselmo Riso destaca que é importante se trabalhar questões importantes relacionadas a salvaguardar a indústria brasileira.

"Temos de trabalhar fortemente na questão antidumping e na questão da defesa comercial, e as indústrias têm de continuar com criatividade a buscar melhorias no processo produtivo, apesar da baixa rentabilidade e continuarem competitivas", disse.


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