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Mercado externo privilegia grandes bancos

Veículo: DCI
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Mercado externo privilegia grandes bancos

 A situação econômica mundial de contenção de crédito e a atitude mais cautelosa por parte dos investidores dificultam a captação de recursos no exterior de bancos de pequeno e médio porte. No entanto, esta não é uma tendência de todo o sistema financeiro, já que as grandes instituições e empresas do segmento de consumo continuam a obter financiamento internacional.

O Itaú Unibanco captou US$ 280 milhões junto ao Inter-American Investment Corporation (IIC), membro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A operadora de shopping centersGeneral Shopping Brasil anunciou reabertura de emissão de bônus perpétuos de até US$ 50 milhões, o que propiciou o rating "BB-" da agência de risco Fitch Ratings. Outra empresa a obter destaque internacional é a Marfrig Holdings, produtora e exportadora de carne bovina, de frango e de porco, que obteve rating internacional "B+" da Fitch Ratings ao emitir US$ 500 milhões em notas seniores sem garantia.

O ingresso de investimentos externos diretos (IED) no Brasil somou US$ 6,7 bilhões em março de 2011, segundo dados do Banco Central. Em março de 2010, o valor foi de US$ 2 bilhões. Na distribuição por setor, serviços financeiros e atividades auxiliares correspondem a 5,2%, com total de US$ 299 milhões. Em março de 2010, o valor foi de US$ 407 milhões. No segmento de serviços realizados por holdings não-financeiras, o valor teve crescimento de 47,92%, para US$ 38 milhões em março de 2011.

Na questão das instituições financeiras, o cenário mundial e brasileiro é de restrição de crédito e contenção de despesas. Para Marcello Gonella, professor da Anhembi Morumbi, o crédito está mais escasso e, com isso, o investidor está mais receoso. "Os grandes bancos têm mais facilidade de captação de recursos. Os investidores estão com a carteira preenchida, não sobra para os médios. Quando sobra, os juros são mais altos por causa do risco."

O destaque de captação de recursos internacional foi o anúncio do Itaú Unibanco nessa terça-feira (26) de US$ 280 milhões com o BID, para financiamento de pequenas e médias empresas. Segundo o Itaú, este é o maior volume do tipo já captado por um banco da América Latina. "O mercado está mais consolidado e propício para os grandes conglomerados, que tem posição mais conservadora na concessão de crédito, o que significa menor risco. Isto é repassado para o investidor", acrescentou Gonella. A instituição de fomento latino-americana já fez algumas operações desse tipo com bancos locais.

A situação externa desfavorável para os pequenos e médios bancos pode ser observada na atual decisão do banco Bonsucesso, que desistiu da captação externa de US$ 200 milhões por conta da alta dos prêmios exigidos. A curto prazo, a instituição optou por recorrer aos fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC), com captação de R$ 200 milhões. Segundo Luiz Miguel Santacreu, da agência classificadora de risco Austing Rating, este foi um caso de seletividade de uma instituição especializada em crédito consignado. "O Bonsucesso fez a análise na ponta do lápis. O consignado precisa calibrar quanto vai custar."


Outro banco de menor porte que recorreu ao FIDC é o Cruzeiro do Sul. No início de abril, tentaram vender no exterior US$ 200 milhões em bônus, mas só obtiveram US$ 150 milhões. A alternativa encontrada foi entrar com pedido na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captar R$ 300 milhões com FIDC.

Com a emissão de um FIDC, o banco antecipa receitas futuras com a concessão de crédito em troca da cessão de parte dessa remuneração para os investidores. Com isso, a instituição obtém recursos para realizar novos financiamentos.

Na opinião do professor de economia, Marcello Gonella, alternativas para os bancos menores sobreviverem a consolidação do mercado pelas grandes instituições são a especialização em certos segmentos, aquisições e fusões. A tendência já pode ser observada pela compra dos bancos Schahin e Morada pelo BMG.


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