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Gasto de turistas brasileiros no exterior é recorde

Veículo: O Globo
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Gasto de turistas brasileiros no exterior é recorde

Impulsionados pelo dólar barato, os gastos dos turistas brasileiros no exterior bateram recorde em março e levaram a conta de viagens internacionais a virar o mês com déficit de US$1,020 bilhão — alta de 87% na comparação com igual período de 2010. Enquanto os brasileiros deixaram lá fora US$1,650 bilhão, os turistas estrangeiros gastaram US$630 milhões aqui. No primeiro trimestre, o resultado negativo somou US$2,927 bilhões, o maior da história para os primeiros três meses. Os dados parciais de abril também apontam para saldo negativo de US$1,001 bilhão até o dia 26. A série histórica do Banco Central (BC), que divulgou os dados, começa em 1947.

O crescimento das despesas com viagens fora do país ajudou a pressionar o desempenho das transações correntes (operações de troca de bens e serviços do país com o resto do mundo) no mês passado, que ficaram no vermelho em US$5,676 bilhões, atingindo US$14,631 bilhões entre janeiro e março e US$50,047 bilhões nos últimos 12 meses. Foram os piores resultados para tais períodos em 64 anos.

O pagamento do aluguel de equipamentos no exterior também contribuiu para o comportamento das contas externas, tendo registrado déficit de US$1,259 bilhão em março — praticamente repetindo o recorde de igual mês de 2010 e alcançando resultado negativo de US$3,619 bilhões no primeiro trimestre.

— Há ampliação do déficit em conta corrente porque o país está crescendo e, com isso, precisa importar bens de capital, bens intermediários, de consumo e (exibe) uma demanda maior no volume de serviços — disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.

O desempenho das contas externas, segundo ele, não preocupa porque o país tem atraído cada vez mais investimentos estrangeiros no setor produtivo que cobrem com folga o déficit de transações correntes. Em março, o chamado investimento estrangeiro direto (IED) atingiu R$6,791 bilhões, o melhor resultado para o mês, somando US$17,473 bilhões no primeiro trimestre — também recorde.

Medidas do governo não têm surtido efeito

A despeito do efeito positivo do ingresso de capital externo para o equilíbrio do balanço de pagamentos, formado pelas contas corrente e de investimentos, o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet), Luis Afonso Lima, chama a atenção para o crescente déficit corrente, que caminha para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. Segundo ele, esse comportamento não é sustentável no longo prazo e acabará por incomodar os investidores estrangeiros.

— As medidas tomadas pelo governo brasileiro, como taxação do IOF, não têm surtido efeito no câmbio. Então, está na hora de agir, pensando no longo prazo. O Estado pode melhorar a competitividade dos produtos nacionais, enfrentando a questão tributária, trabalhista e os gargalos na infraestrutura — disse.

Devido ao crescente ingresso do capital externo, subiram as remessas de lucros e dividendos em março, com déficit de US$3,716 bilhões, o mais alto desde março de 2008 e somando no primeiro trimestre resultado negativo de US$8,398 bilhões.

— Isso reflete o ingresso expressivo de investimentos estrangeiros nos últimos anos, uma conjuntura favorável da economia brasileira, com as companhias enviando lucros para as matrizes no exterior — explicou Maciel.

Até o dia 26 deste mês, a conta de investimentos estrangeiros estava positiva em US$4 bilhões, devendo fechar o mês em US$4,3 bilhões. Os dados apresentados ontem pelo BC mostram ainda que a dívida externa total subiu US$22,4 bilhões entre dezembro e março, sendo que US$18,9 bilhões do total foram recursos captados por bancos lá fora para expandir o crédito no país.



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