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Executivo da Coteminas diz que foi "uma honra" emprestar avião a Lula

Veículo: Valor Econômico
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Executivo da Coteminas diz que foi "uma honra" emprestar avião a Lula

Silva: "Sou acionista controlador. Quem tem de julgar são os acionistas"

O executivo Josué Gomes da Silva, presidente do grupo Coteminas, disse que foi "uma honra" emprestar o avião da companhia ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Para nós é uma honra", disse Silva em entrevista por telefone ao Valor. "Nós brasileiros somos todos gratos ao ex-presidente Lula pelo que fez ao Brasil. Ele saiu com a força de aprovação de 96% da população."

Silva é filho do ex-vice-presidente da República José Alencar, morto em 29 de março.

O avião da Coteminas, a maior indústria têxtil do Brasil, levou o ex-presidente aos Estados Unidos na semana passada.

Lula iniciou, em Washington, uma série de palestras internacionais. Na manhã de quinta-feira, o ex-presidente fez um discurso sobre educação no Brasil em evento realizado pela Microsoft, sua primeira palestra remunerada no exterior desde que deixou a presidência.

"Sou acionista controlador e achei que deveria emprestar o avião para o Lula. Não tinha o que avaliar", disse ele. "Quem tem que julgar isso são os acionistas."

A família de José Alencar detém mais de 50% das ações com direito a voto da Coteminas. Entre os maiores acionistas minoritários estão BNDESPar, braço de participações do BNDES, Credit Suisse e Tarpon, além dos fundos de pensão Previ, Petros e Funcef. Cerca de 27% do capital total estão no mercado.

Procurados, os executivos da Tarpon, que detém 4,6% do capital total, não quiseram comentar o assunto. Os sócios da Leblon Equities, donos de 3,5% da Springs Global (empresa operacional da Coteminas), também não se pronunciaram.

Uma fonte ligada ao grupo têxtil, porém, aceitou falar desde que seu nome fosse mantido em sigilo. Segundo ele, é uma situação difícil de avaliar por uma razão: "É bom estar próximo do governo."

"Do ponto de vista de governança, foi uma atitude imprópria. Mas como Lula é uma pessoa influente no governo e as empresas têm interesses, como nas negociações de alíquota de importação de produtos, ele pode abrir portas."

Questionado se o objetivo era atrelar a Coteminas à imagem de Lula, Silva também negou o intuito de fazer a relação.

"Não visamos nenhum benefício de imagem", afirmou.

Na sexta-feira, a ação da Coteminas encerrou negociada na bolsa a R$ 4,7, o equivalente a um terço do valor patrimonial. A empresa vale R$ 544,7 milhões em bolsa, enquanto seu valor contábil é de R$ 1,49 bilhão.

No ano, o papel caiu 13,89% e está longe do seu auge, em meados de 2007, de R$ 18,5.

As ações começaram a desabar depois que a Coteminas anunciou a transferência para o Brasil das máquinas da fábrica da Springs dos Estados Unidos. A operação ocorreu um ano depois da fusão com a Springs, em 2006.

Além disso, o setor têxtil vem sendo prejudicado pela concorrência chinesa e pela alta dos preços do algodão.



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