Notícias

Schlösser Apela para Recuperação Judicial

Veículo: Valor Econômico
Seção:
Página:

Schlösser Apela para Recuperação Judicial



Depois de anos consecutivos operando com resultados negativos, a Companhia Industrial Schlösser, fabricante de tecidos instalada na cidade de Brusque, em Santa Catarina, decidiu entrar com pedido de recuperação judicial anteontem.

A empresa é a segunda indústria do setor da cidade de Brusque, uma das regiões mais tradicionais na fabricação têxtil, a recorrer à recuperação judicial. A primeira foi indústria Jovitex, que apresentou o pedido de recuperação judicial em março.

Segundo o advogado da Schlösser Guilherme Caprara, sócio do escritório Sergio Müller, a expectativa é que o pedido seja deferido pela Justiça entre hoje e segunda-feira.

"A empresa viu um meio de propiciar a busca de capitalização para, eventualmente, continuar o negócio de maneira mais enxuta até vender ativos, como imóveis, e retomar a atividade."

A fábrica da Schlösser, que produz tecidos para camisaria e confecções, estava paralisada desde dezembro. Naquele mês, a empresa concedeu férias coletivas para os cerca de 450 funcionários.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Fiação e Tecelagem de Brusque, cerca de 256 funcionários entraram em acordo com a empresa para rescisão de contrato sem justa causa em 1º de março. Outros 130 optaram por permanecer em período de licença remunerada, na expectativa de que a empresa retomasse a produção.

Entre as indústrias têxteis listadas em bolsa, a Schlösser registou o pior desempenho neste ano, com queda de 33%.

A empresa apurou prejuízo líquido de R$ 26,1 milhões em 2010 e acumula uma dívida de R$ 130 milhões. Cerca de 50% refere-se a tributos não recolhidos.

De acordo com um executivo ligado à operação, a situação da empresa foi se deteriorando nos últimos anos, sobretudo com o aumento da concorrência e dos produtos importados da China, mais baratos que os fabricados pelas indústrias nacionais.

"A Schlösser não se reestruturou para enfrentar a concorrência e passou a ter problemas de caixa para toca os negócios", diz a fonte.

Os altos preços do algodão praticamente tiraram o fôlego que restava da Schlösser para manter as atividades. Desde o início do ano passado, o preço subiu de US$ 0,70 centavos por libra-peso para US$ 2 por libra-peso.

A alta também afetou outras empresas do setor. A fabricante de itens de toalhas e roupa de cama Buettner, de Brusque, mantém parte dos trabalhadores da unidade de fiação em licença.

Segundo João Henrique Marchewsky, presidente da companhia, os preços do algodão ainda dificultam o abastecimento da matéria-prima. "Estamos tocando mais devagar a produção até que a situação se normalize", diz.

A Buettner tem cerca de 950 funcionários e desde o começo do ano vem concedendo férias e licenças aos trabalhadores como uma maneira de equilibrar a situação provocada pela alta do algodão.

Segundo Marchewsky, a expectativa é que a situação se normalize a partir de maio. Conforme os dados mais recentes informados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Buettner acumula prejuízo de R$ 24,4 milhões nos primeiros nove meses de 2010, ante um prejuízo de R$ 22,9 milhões no período anterior.

A Springs, do grupo Coteminas, a maior indústria têxtil do Brasil, também sentiu o impacto do aumento do algodão. A empresa registrou prejuízo de R$ 18,4 milhões em 2010. "Não fosse o algodão, o resultado teria sido melhor", diz Felipe Claudino, sócio do fundo de investimento Leblon Equities, dono de 3,49% da Springs. (Colaborou Júlia Pitthan, de Florianópolis)


Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar