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Cresce demanda por lençóis finos

Veículo: Valor Econômico
Seção: online
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Cresce demanda por lençóis finos


Rolf Buddemeyer, diretor da Buddemeyer:
"Há mais consumidores comprando lá fora e houve aumento da importação"

O consumidor brasileiro, que ganhou renda e está viajando mais, já está demandando roupa de cama mais sofisticada. E aquele fio de algodão que, de tão fino, poderia ser usado para fabricar uma camisa já começa a tomar um espaço maior na indústria nacional.

A maior parte do mercado de lençóis e fronhas, em torno de 70%, ainda é formado por tecidos feitos com fios de algodão mais grossos - o fio de algodão de gramatura 30, por exemplo, é considerado um produto de padrão médio - e por aqueles que misturam o algodão com fibras sintéticas como o poliéster. Para essa mistura, em geral, usa-se o fio 24. Quanto mais fino o fio, maior é o número que o batiza. O fio 120, então, quando usado na fabricação de um jogo de cama, indica que a indústria está sofisticando o portfólio. E é isso que começa a ocorrer no país.

Esse tipo de lençol, que leva por volta de 300 fios de algodão por polegada quadrada (incluindo trama e urdume), e titulagem acima de 80, se destina ainda a uma parcela pequena da população. Mas diante do poder de compra da nova classe média, com renda maior e mais acesso ao crédito, o segmento "premium" é promissor.

Em abril, a Karsten vai colocar no mercado uma linha de lençóis com 300 fios de algodão egípcio. O artigo chega ao mercado com a marca Trussardi, adquirida pela empresa em 2010. "São lençóis com fios tintos, como os usados na camisaria", diz Alvin Rauh Neto, diretor presidente da Karsten. "Acreditamos que ainda há espaço para crescer dentro do segmento premium." A Karsten só trabalha com lençóis feitos de 100% algodão e precisou reajustar seus preços em cerca de 30%, por conta da alta recente nos preços da matéria-prima.

A Artex, marca da Coteminas, investe na linha Eternity, lançada há seis meses. "São lençóis que levam entre 250 e 400 fios de algodão egípcio", diz Luciana Fonzar Andrade, gerente de marketing da Artex. "Mesmo sendo a ponta da pirâmide, esse segmento mais sofisticado tem taxas de crescimento crescentes."

A Buddemeyer, de São Bento do Sul, em Santa Catarina, produz desde o ano passado em parceria com uma empresa de Pilar, no Paraguai, quatro coleções com tecidos de fios ultrafinos. Segundo Rolf Buddemeyer, diretor comercial, as coleções de fios de gramatura superior a 40 já representam uma fatia significativa do faturamento da empresa.

No Brasil, diz ele, o fio de algodão mais fino produzido pelas empresas, em geral, é o de número 40. Fabricado com algodão, os lençóis desse padrão são vendidos a uma faixa de R$ 140 a R$ 160. A partir da gramatura 60, mais fino segundo o padrão de medida, os jogos de roupa de cama saltam para uma faixa de R$ 250. Acima disso, entre 80 e 120, é considerado um produto top, que custa acima de R$ 500.

A sofisticação das roupas de cama foi apenas um dos assuntos que permearam a feira de cama, mesa e banho Texfair Home, que ocorreu entre os dias 22 e 25 de fevereiro, em Blumenau (SC). O alto preço do algodão também faz os fabricantes de roupa de cama a buscarem outros tipos de mescla, além da tradicional dupla algodão/poliéster.

A Altenburg, de Blumenau, acaba de aumentar sua linha de lençóis de malha "Eco", lançada de forma experimental em 2010. O artigo é feito de 50% algodão e 50% fio reciclado de garrafas PET. A malha "Eco" entrou no mercado com apenas três padronagens, "para sentir a reação do público", segundo Rafael Locks, gerente de desenvolvimento de produto da Altenburg. Em fevereiro, o produto foi relançado em oito padronagens diferentes. "Somente em 2010, a produção da malha Eco tirou 1,5 milhão de garrafas PET do ambiente", diz Locks. O apelo, portanto, vem das características ecológicas do produto. Outro fator competitivo é que a malha "Eco" não é mais cara do que as malhas 100% algodão - como acontece, frequentemente, com os produtos com características de menor agressão ao ambiente.

A Teka, também de Blumenau, usa a fibra de poliéster em seus lençóis há 15 anos, na proporção de 30% poliéster e 70% algodão. "Nosso carro chefe são os lençóis de 150 fios", diz Marcello Stewers, vice presidente da empresa. A Santista, marca que pertence à Coteminas, também está apostando na substituição do algodão. Entre os lançamentos da empresa está a Eco Line, que traz os artigos em percal 180 fios, sendo 60% algodão e 40% poliéster. "A principal vantagem do produto é a praticidade, pois ele não precisa ser passado a ferro", diz Alanir Correia, gerente de marketing da Santista. Além disso, diz Alanir, ele economia água, pois pede menos enxágues, por ser mais leve.

Segundo dados elaborados pelo Departamento de Economia da ABIT, o Brasil fabricou, em 2009, cerca de 1,06 bilhão de peças de linha lar (artigos de cama, mesa e banho, além de tecidos para cortinas e forros de sofá). Destas, 43,2% foram produzidas na região Sul do País, seguida da região Sudeste, com 34,2% da produção nacional. No ano passado as roupas de cama, mesa e banho movimentaram US$ 184 milhões em exportações brasileiras e US$ 102 milhões em importações. Em termos de volume, foram exportadas cerca de 26 mil toneladas em produtos do segmento. Em compensação, entraram no País cerca de 21,5 mil toneladas em artigos. Os principais destinos das exportações brasileiras para a chamada linha lar foram Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Itália e Paraguai. Na contramão, os principais países de origem das importações brasileiras foram China, Uruguai, Índia, Paquistão e Chile.



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