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Preços do atacado já podem chegar ao varejo, acredita FGV

Veículo: Valor Econômico
Seção: Indicadores
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Preços do atacado já podem chegar ao varejo, acredita FGV


RIO - A inflação ao produtor já começa a ter indícios de contaminação sobre os preços de itens que chegam ao consumidor. O algodão, por exemplo, é um item que extrapola a cadeia produtiva e deve chegar ao varejo rapidamente, porque vira um custo na produção e é repassado ao consumidor, de acordo com o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.

Algodão foi a principal alta do índice de preços ao produtor amplo (IPA). Em fevereiro, o item teve avanço de 19,68%, ante os 5,22% registrados em janeiro. Em 12 meses, já subiu 147,32%. Somente este ano, o avanço foi de 25,92%. “Esse ano, o algodão está sendo campeão absoluto de elevação”, disse Quadros.

Esse avanço está chegando aos artigos de vestuário. Os têxteis subiram 5,83%, após alta de 2,94% em janeiro, e os artigos do vestuário passaram de alta de 0,71% em janeiro para 1,33% em fevereiro. “O algodão ficou em níveis de estoque extremamente baixos, com a maior alta em 140 anos na bolsa de Londres. É normal ter instabilidades de preços nesse caso”, disse.

A expectativa agora é de que esse avanço ao produtor chegue ao consumidor. No momento, a queda de preço do vestuário verificada no varejo é devido às promoções de verão. “Hoje, a produção está com custos bem mais altos. Então, quando entrar a nova coleção, pode ser que já venha com preços mais altos, em parte devido à nova coleção, em parte devido à alta do algodão”, disse. As novas coleções já começam em março.

Outro item que vem verificando alta de preços no atacado e pode chegar no varejo é o milho, que subiu 8,37%, após avanço de 1,34% em janeiro. Apesar de não se tratar de um item relevante para a alimentação, é um insumo importante para a ração animal e pode afetar, por exemplo, os preços das carnes, devido à elevação de custos, o que pode chegar ao varejo, segundo Quadros.

Em fevereiro, o IPA terminou com alta de 1,16%, ante avanço de 0,35% em janeiro. De acordo com o economista, as próximas medições do IPA vão depender das matérias-primas agropecuárias, porque a expectativa é de que o impacto dos minerais ceda em março.

As agropecuárias avançaram 2,67%, ante 1,12% no mês anterior. Já as minerais avançaram 5,19%, depois de registrarem queda de 0,53% em janeiro. Com isso, as matérias primas brutas avançaram 3,1%, bem acima dos 0,81% de janeiro, e tiveram uma contribuição de 0,65 pontos percentuais sobre o IPA, sendo responsáveis por mais da metade do avanço do índice.

A expectativa de Quadros é de que os minerais tenham um avanço menor em março, após as altas consideradas pontuais do minério de ferro (5,62%) e do minério de alumínio (5,58%).

(Juliana Ennes | Valor)



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