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Até nos emergentes, o luxo vai ser mais discreto

Veículo: ABIT
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Até nos emergentes, o luxo vai ser mais discreto
Luciana Marinelli | De São Paulo
09/02/2011

Stefano Rellandini/Reuters
Segundo a WGSN, a Gucci é uma das grifes que já incorporam essa tendência

Simplicidade deve ser a palavra-chave para as marcas de luxo nos próximos anos. "O design tem que ser trabalhado de forma a não demonstrar ostentação", diz a inglesa Juliet Warkentin, diretora de conteúdo da WGSN, empresa especializada em estudar tendências de consumo. A crise mundial, agravada a partir do fim de 2008, fez nascer a necessidade de rever o consumismo desenfreado e, por tabela, fez surgir a estética do luxo mais discreto, que deve influenciar também os mercados emergentes, onde muitos consumidores estão comprando pela primeira vez roupas e acessórios "de grife".

Até nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) "os produtos se tornarão mais discretos, porque seguirão uma tendência mundial", diz Juliet. Mas ela mesma observa que o Brasil vai continuar sendo "muito sexy" e a Índia não vai deixar de usar suas "joias e cores", ainda que de forma mais modesta.
Alguns fabricantes já caminham nesse sentido, senão em toda a coleção, pelo menos em parte dela. Ela cita como exemplos Burberry e Gucci. Sobre esta última, diz: "Eles tem logos [logotipos evidentes], toda essa história de marca, mas não estão mais focados nisso, estão focados no design." Significa conferir valor ao produto pela qualidade dos materiais, desenho e cortes. "O novo luxo surge não como sinal de status, mas de qualidade, beleza e simplicidade."

Essa tendência deve permanecer pelo menos até o fim desta década, quando a "geração Y", hoje com cerca de 20 anos, conquistaria renda suficiente para entrar de fato no mercado de luxo.
De qualquer forma, a "geração digital" já é uma das principais influências do mundo da moda e do design. Uma das apostas da WGSN para as vitrines de 2012 é uma estética relacionada à velocidade na comunicação e à colagem de imagens. "A galeria de arte tornou-se virtual, exposições foram subtituídas por blogs e os novos curadores são circuladores amadores de imagem", afirmou Juliet em uma apresentação em São Paulo, na semana passada. Essa tendência deve se traduzir em tecidos tecnológicos, estampas com grafismos e sobreposições em combinações inesperadas.

Deve ser vista uma mistura ainda maior do casual e do formal, do contemporâneo e do "retrô". Assim como na aparente contradição entre o luxo e o simples, o consumidor quer a inovação da tecnologia, mas valoriza também o natural e o orgânico.


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