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Faturamento da indústria cresce acima da produção

Veículo: Valor Econômico
Seção: Impresso
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Faturamento da indústria cresce acima da produção

O faturamento cresceu com mais força do que a produção em 12 de 19 setores da indústria nos últimos meses, segundo estudo da Rosenberg & Associados. Além dos segmentos de produtos químicos, máquinas e equipamentos, veículos e celulose e papel, também se destacam os de têxteis, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, calçados e couros e outros equipamentos de transporte.

No setor de produtos químicos, o faturamento nominal aumentou 9,9% entre junho e dezembro, feito o ajuste sazonal, enquanto a produção avançou 5% no período. A alta mais forte do faturamento reflete uma recuperação dos preços no segmento, que ocorre na esteira da alta de insumos importantes como a nafta. Depois de cair com força em 2009, devido à crise global, o petróleo e seus derivados voltaram a subir, como lembra a diretora técnica de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Ferreira.

No segundo semestre de 2010, o índice geral de volume de produção da Abiquim, calculado em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), teve alta de 2,5% em relação ao mesmo período de 2009, ao passo que o indicador de preços do segmento aumentou 12%. Segundo Fátima, o que houve foi mais uma recuperação em cima de uma base muito fraca.

No setor de máquinas e equipamentos, o faturamento subiu 13,8% em termos nominais no segundo semestre, feito o ajuste sazonal. A produção do segmento, por sua vez, caiu 0,4% entre junho e dezembro. Nesse setor, a mudança para uma linha de produtos mais sofisticados parece a explicação mais plausível para o descolamento enter faturamento e produção, acredita a economista-chefe da Rosenberg, Thaís Marzola Zara. É uma estratégia usada por alguns segmentos desde antes da crise, diz ela, lembrando o caso da indústria calçadista. Sofrendo com a forte concorrência dos produtos chineses nos produtos mais básicos, o setor começou a buscar nichos de maior valor agregado. Entre junho e dezembro de 2010, o segmento de calçados e couros conseguiu elevar o faturamento nominal em 11,8%, na série com ajuste sazonal. No período, a produção teve queda de 8,8%.

Parte dessa disparidade no setor se explica também pelos reajustes de preços que chegaram ao varejo no ano passado. Em 2010, o item calçados e acessórios subiu 8,08% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para o economista Silvio Sales, consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), o aumento expressivo das importações ao longo de 2010 é o motivo de maior peso para a estagnação da produção industrial desde abril do ano passado. Em alguns segmentos, isso limitou repasses de preços, como nos de bens duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos.

O estudo da Rosenberg considerou os setores que aparecem ao mesmo tempo na pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre faturamento, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Eles equivalem a 92,5% da indústria geral pesquisada pelo IBGE", explica Thaís. A pesquisa da CNI leva em conta os valores em reais, enquanto a do IBGE mostra a evolução dos volumes produzidos.



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