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Indústria têxtil vai subir preços

Veículo: Diário Catarinense
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Indústria têxtil vai subir preços

Consumidor final deve pagar até 40% a mais por roupas e tecidos como resultado da alta na principal matéria-prima do setor

Prepare a carteira para começar a pagar entre 25% e 40% a mais em roupas, artigos de cama, mesa, banho e em qualquer produto que dependa do algodão. A alta expressiva da matéria-prima desde meados de 2010, e que diariamente bate novos recordes, será repassada para o consumidor neste semestre.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo mostram que o algodão atingiu a maior cotação na história da commodity no mês passado. O preço da matéria-prima passou a marca de R$ 6,86 o quilo no início de janeiro, mais do que o dobro do registrado no mesmo mês de 2010.

E, de lá para cá, a cotação do produto não parou de subir (veja quadro acima). Hoje, o quilo do algodão para as fábricas têxteis chega a R$ 8,35 – 166% mais do que há um ano.

Como estímulo, o governador Raimundo Colombo assinou, no dia 4, um decreto que flexibiliza as condições para a importação de matéria-prima para a indústria têxtil e que estende a cobrança de 3% do ICMS para artefatos de couro e acessórios.

Os valores do algodão no mercado começaram a aumentar com maior intensidade em agosto de 2010. A indústria têxtil, que negocia as compras de matéria-prima com antecedência, segurou os valores até outubro.

Segundo Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de Blumenau (Sintex), algumas empresas começaram a repassar o aumento em outubro e novembro de 2010. Mas a maioria começará a fazer isso agora, e de forma gradativa. O presidente do Sintex calcula que os preços dos produtos devem subir até julho em uma margem de 25% a 40%.

– Produtos que não forem tão necessários e nem competitivos vão vender menos ou até sair do mercado – avalia.

Kuhn acredita que o fator especulativo também está influenciando o mercado. Investidores que não estão ligados ao ramo têxtil estão investindo na commodity por enxergar no aumento dos preços uma boa oportunidade de conseguir bons lucros.

O estoque do algodão só deverá voltar a patamares adequados em meados de 2012, calcula o presidente do Sintex. Ele compara este momento com a crise causada pelo petróleo quando o barril do produto ultrapassou a marca de US$ 100.

– Vamos passar por uma acomodação dramática. Algumas empresas deixarão de existir. Mas isso não vai ocorrer apenas pelo preço do algodão, mas por outros fatores – ressalta.

Fábricas de Brusque já fazem cortes

O cenário de crise foi detectado primeiro em algumas empresas de Brusque, no Vale do Itajaí. A Schlösser, que completou cem anos em janeiro, colocou 450 trabalhadores em licença remunerada e paralisou as atividades.

A empresa convocou uma assembleia para quarta-feira, quando os acionistas definirão se a Schlösser vai decretar autofalência ou apelar para a via da recuperação judicial. Outras indústrias, como a Buettner e a Renaux, reduziram setores ou estão parcelando o pagamento dos funcionários.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Criciúma, Roberto Benedet, afirma que muitas empresas da região dependem menos do algodão porque produzem moda com outras variações de tecido.


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