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Veículo: O Globo
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Tese de Arida divide especialistas

A proposta de Persio Arida — que em entrevista ao GLOBO no último domingo sugeriu que o Banco Central (BC) intervenha no mercado cambial para estimular a volatilidade da cotação do dólar — dividiu os economistas de variados setores. Há quem acredite que isso poderia frear um pouco o apetite dos investidores de renda fixa, que contribuem para a valorização do real. Outros pensam que a ideia do ex-presidente do BC e do BNDES seria um duro golpe aos empresários que fazem investimento produtivo no Brasil. O BC, por sua vez, não comentou o assunto.

 

— Seria positivo, mas não acho que isso vá alterar a tendência do dólar e da valorização das moedas dos países exportadores de commodities — afirmou José Alfredo Lamy, sócio da Cenário Investimentos.

 

Em sua opinião, seria positivo o BC parar de atuar no mercado como vem fazendo, o que deixaria o mercado mais volátil. Isso significaria que o país deixaria de ampliar suas reservas, que, em sua opinião, já estão com volume muito elevado.

 

Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudo de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), acredita que a medida proposta por Arida seria ruim para os investimentos produtivos:

 

— Isso afetaria principalmente os investimentos de longo prazo, como projetos de infraestrutura. Temos estudos que indicam que o câmbio valorizado ou desvalorizado, em tese, não afasta os investimentos, mas a volatilidade é um problema — disse, lembrando que a medida também afetaria os exportadores.

 

Mario Battistel, da Fair Corretora, acredita que a volatilidade deveria ser muito forte para afastar o investidor:

 

— Uma volatilidade razoável poderia ser boa apenas aos exportadores, que poderiam aproveitar brechas nos dias de dólar valorizado.

 

Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do BC, diz que hoje há muita certeza do comportamento do câmbio e que, com isso, a entrada de recursos é inevitável:

 

— Um pouco de dúvida gera incerteza, isso é importante.