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Pesquisas apontam tendências distintas para a indústria

Veículo: Valor Econômico
Seção: Impresso
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Pesquisas apontam tendências distintas para a indústria


Duas pesquisas sobre o comportamento da indústria em janeiro deixaram dúvidas sobre o rumo do setor neste começo de 2010. Na Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o índice que mede a satisfação com o ambiente atual dos negócios caiu 5,4%, para 120 pontos, o ponto mais baixo desde novembro de 2009, com piora da demanda interna e da externa, ao passo que o nível de utilização de capacidade instalada recuou de 84,9% em dezembro para 84,7% em janeiro, feito o ajuste sazonal.

Já o Índice Gerente de Compras do HSBC (PMI, na sigla em inglês) subiu de 52,4 em dezembro para 53,1 pontos em janeiro, o nível mais alto em nove meses, puxado pelos indicadores de produção e novas encomendas. Quando o índice fica acima de 50, a interpretação é de alta na atividade da indústria; quando fica abaixo, a leitura é de queda. Um quadro mais benigno aparece também em alguns dos quesitos da própria sondagem da FGV, que apontou uma melhora das expectativas para a situação futura dos negócios e o emprego.

Para o coordenador de sondagens da FGV, Aloísio Campelo, o começo do ciclo de alta dos juros e a importação em alta ajudam a explicar a piora do ambiente atual dos negócios. A proporção de empresas que classificam como boa a situação dos negócios recuou de 31,6% em dezembro para 26,1% em janeiro, ao passo que a parcela das que a avaliam como fraca subiu de 4,7% para 6,1%.

Esse resultado teve papel importante para a queda de 3,5% do Índice de Situação Atual (ISA). "De 14 gêneros industriais, houve queda do ISA em nove", diz Campelo, citando os segmentos de minerais não metálicos (que inclui materiais de construção), material de transporte (como a indústria automobilística), celulose e papel, química, matérias plásticas, têxtil, vestuário, produtos alimentares e os chamados outros produtos.

Houve uma piora considerável na demanda interna. A fatia dos que relataram um nível de demanda doméstica forte ficou em 21,7% em janeiro, bem abaixo dos 30,1% de dezembro.

O nível de utilização de capacidade instalada também não corroborou a recuperação esboçada na sondagem de dezembro. Para Campelo, a queda de 84,9% em dezembro para 84,7% reflete a moderação da atividade na indústria e também alguma maturação de investimentos feitos ao longo dos trimestres anteriores. Segundo ele, os números da sondagem de janeiro sugerem uma perda de fôlego da "reaceleração" iniciada no mês anterior, fruto da maior incerteza, num cenário de aumento de juros.

Campelo observa que houve alta das expectativas dos industriais em relação ao ambiente de negócios no primeiro semestre. Das 1.192 empresas consultadas, 52,8% esperam melhora no período, mais que os 46,8% de dezembro. Ao mesmo tempo, 32,4% das empresas informaram que pretendem contratar nos próximos três meses, acima dos 31% do mês anterior. O percentual das que planejam demitir caiu de 5% para 4,5%. Com isso, o Índice de Expectativas subiu 0,7% no mês, insuficiente, porém, para evitar uma queda de 1,5% do Índice de Confiança da indústria, puxado para baixo pelo indicador de Situação Atual.

Outro termômetro da atividade industrial, baseado em pesquisa com mais de 400 executivos, o PMI do HSBC mostrou um quadro mais benigno. Em relatório, o economista-chefe do banco, André Loes, diz que, segundo o PMI, a atividade industrial "se acelerou pelo segundo mês consecutivo em janeiro, após ter andado de lado" na maior parte do segundo semestre de 2010. "As empresas afirmaram detectar uma melhora nas condições econômicas, e como o índice de estoques de bens finais não mostra acumulo indesejado, fica claro que o aumento da produção ocorre num momento de crescimento da demanda." O PMI mostrou ainda que os preços mais elevados de matérias-primas foram o principal impulso para a elevação do custo de insumos. As empresas mencionaram especialmente algodão, poliéster, aço inoxidável, vidro, gases e produtos alimentícios. A taxa de inflação, contudo, moderou-se um pouco em relação a dezembro.



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