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Serviços sustentam crescimento veloz

Veículo: Valor Econômico
Seção: Impresso
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A economia de Pernambuco ampara-se no setor de serviços, que representa 73% de seu PIB. Mas é a indústria que atualmente mais contribui para o crescimento do Estado em ritmo chinês. Este ano o PIB pernambucano deve crescer algo entre 10,5% e 11%, índice que tende a ultrapassar os de todos os demais Estados nordestinos e também o do Brasil, estimado em cerca de 7%. A renda domiciliar, que de fato estimula o desenvolvimento local, cresceu 3,2% entre 2001 e 2009, abaixo do índice do Nordeste, de 4,8%, e apenas pouco acima da taxa do Brasil, de 3,2%. "Crescimento econômico não é necessariamente desenvolvimento", diz Raul Silveira Neto, economista da Universidade Federal de Pernambuco. "Isso porque o lucro das empresas de fora que investem aqui é contabilizado no PIB, mas não fica no Estado", explica o economista, que defende o crescimento, mas é contra a "euforia" que tomou conta da região. Polêmica à parte, o crescimento se consolida. Com base nos investimentos já realizados e nos que virão em decorrência daqueles projetos, o governo de Pernambuco prevê o início de um período de crescimento sustentado de 10% ao ano. "Com o aumento da renda do pernambucano, entramos na tela do radar de empresas nacionais e internacionais", diz Fernando Bezerra Coelho, secretário de desenvolvimento econômico do Estado e presidente do porto de Suape. A renda da população começou a crescer com os programas sociais e os empregos criados nas obras estruturantes do governo federal, como a ferrovia Transnordestina, a transposição do rio São Francisco, a adutora de Pirapama e a duplicação das BRs 101, 104 e 408. Na trilha do aumento da renda, os setores industriais tradicionais se expandiram, em especial o de alimentos e bebidas. Segundo Coelho, o setor foi incrementado ao longo dos últimos dois anos com a instalação de fábricas de companhias como BR Foods, Kraft Foods, Bom Gosto e Nestlé no interior do Estado, que também recebeu grandes indústrias de outros segmentos como Eucatex, Bertin, Isoeste, Alnor, Metalfrio, Schioppa e Somopar. Somente o setor agroindustrial investiu em Pernambuco de R$ 35 bilhões a R$ 40 bilhões nos últimos três ou quatro anos, de acordo com Coelho. Mas ele diz que são indústrias novas as que mais se expandem. O complexo de Suape atraiu investimentos públicos e privados da ordem de R$ 7 bilhões desde 2007. Incluem-se nesse valor projetos como os da refinaria Abreu e Lima, das plantas da Petroquímica Suape, do grupo italiano Mossi & Ghisolfi, da Impsa, da RM Eólica, do Estaleiro Atlântico Sul e da Campari, que têm efeitos na economia do municípios vizinho de Jaboatão dos Guararapes, contemplado com uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE). Outras fábricas estão chegando e já está prevista a construção de um segundo grande estaleiro em Suape, segundo Oscar Rache Ferreira, diretor do Sindicato de Fiação e Tecelagem do Estado de Pernambuco: "Centenas de empresas começam a se instalar." Ele conta que nesse ambiente o setor têxtil está se diversificando e se sofisticando. A Petroquímica Suape - que está investindo R$ 4 bilhões em três fábricas integradas - já começou a operar a fábrica de polímeros e filamentos de poliéster, na qual investiu R$ 1 bilhão. E o ramo de confecções, amplamente conhecido pelos jeans, começa a produzir também uniformes de trabalho: "Esse segmento cresce por demanda das novas empresas, que são mais modernas." As novas indústrias demandarão mais energia, e isso atraiu o grupo Bertin. Segundo sua assessoria de imprensa, a companhia está investindo R$ 2 bilhões na construção de cinco usinas termoelétricas em Suape, que terão capacidade de geração superior a 1.400 MW e devem começar a operar em 2013. Com tamanho aporte de recursos, a oferta de emprego disparou: em 2010 foram criados mais de 100 mil novos postos de trabalho - segundo Coelho, foi a maior expansão do emprego de toda a história de Pernambuco. O Estado atualmente lidera a expansão do emprego formal no Nordeste e no Brasil, com taxa de 172%, diante de 74,3% e 30,5%, respectivamente. Esse cenário, porém, colocou o Estado frente a frente com um antigo problema, o da baixa qualidade de ensino, que dificulta a capacitação dos trabalhadores para ocupar as vagas das indústrias mais modernas. Para Coelho, porém, "este é o bom problema", pois representa um desafio que o governo empenha-se em superar. "Estamos correndo para compensar o tempo perdido em educação, agravado pela quase inexistência de escolas técnicas", diz ele, informando que as vagas nessa modalidade de ensino passaram de 4 mil para 13 mil nos últimos quatro anos. O governo federal colaborou com a expansão, por meio de parcerias com o estadual. Desde 2007, de acordo com Coelho, foram abertas em Pernambuco seis escolas técnicas estaduais e cinco novos campi dos dois Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia pernambucanos, que agora têm 14 em todo o Estado.


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