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Efeitos negativos do real sobrevalorizado

Veículo: Diário de São Paulo
Seção: Rafael Cervone Netto
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O setor mais prejudicado pela sobrevalorização do real ante o dólar e moedas de outros países é a indústria, pois sua demanda está sendo suprida paulatinamente por mercadorias importadas. Exemplo do impacto causado pelo problema encontra-se na indústria têxtil e de confecção: o saldo negativo da balança comercial de todo o setor no Brasil, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, excluindo-se fibra de algodão, foi de US$ 2,55 bilhões, significando aumento de 59% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações evoluíram 40,58% e as exportações, apenas 11,95%, agravando o saldo negativo. O déficit comercial deverá ser recorde este ano, superando US$ 3,5 bilhões. São Paulo representa cerca de 40% do setor, que tem faturamento total estimado de U$ 50 bilhões em 2010. Assim, é necessária a mobilização dos setores produtivos para que o governo adote medidas eficazes, no plano interno e na diplomacia econômica, para restabelecer paridade mais adequada ao real no sistema de câmbio, que se soma a outros problemas para reduzir a competitividade da indústria nacional. A participação da indústria de transformação, que chegou a 27% do Produto Interno Bruto brasileiro, situa-se hoje em cerca de 15%. O setor, no qual exigem-se pesados investimentos para garantir padrões mundiais de produtividade e que já é prejudicado pelos impostos elevados, juros muito altos e encargos sociais onerosos, sofre agora o ataque do desequilíbrio cambial. Considerando ser um consenso nas distintas correntes do pensamento econômico que a estrutura e a qualidade da acumulação de capital dependem muito da manufatura, é preocupante constatar o seu recuo na composição de nosso PIB. Rafael Cervone Netto é vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e presidente do Sinditêxtil-SP.


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