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Marcas de prestígio já trocam as ruas por um espaço nos corredores

Veículo: Valor Econômico
Seção: Impresso
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Depois de um longo namoro, a francesa Christian Louboutin - famosa por seus sofisticados sapatos de solado vermelho - finalmente desembarcou em solo brasileiro, em março de 2009. O país foi a porta de entrada da grife na América Latina. "A expectativa era boa, pois a Louboutin já era conhecida das brasileiras. Mesmo assim, nossas vendas têm ficado 50% acima das previsões", diz Maxime Tarneaud, gerente de varejo da empresa no Brasil. Desde o princípio, a ideia da companhia era instalar sua butique num shopping. Escolheu o Iguatemi. "Isso garante maior fluxo de pessoas à loja. Além disso, acabamos lidando apenas com clientes em potencial", diz Tarneaud. A experiência com shoppings centers vem de outras operações da Louboutin em Dubai e nos Estados Unidos. Para a diretora da Diane von Furstenberg (DVF) no Brasil, Patrícia Assui, a estreia da grife americana no Brasil, em março, não poderia ter sido melhor. A DVF - segundo Patrícia, muito desejada pela mulher brasileira - se tornou conhecida no mundo todo pelo seu modelo "wrap dress" (vestido-envelope). "Nossa expectativa foi superada em dois dígitos. A loja do shopping Iguatemi só perde em vendas, por metro quadrado, para a loja de Nova York", diz Patrícia, que anuncia planos de ter novos pontos no Shopping JK, em São Paulo em 2011, e em Brasília, em 2012. Também para o ano que vem está programada a chegada da linha DVF de artigos para o lar. "Há dez anos, as empresas internacionais só pensavam em ter butiques na rua, pelo prestígio que isso dá", diz Patrícia. "Hoje, entendem as vantagens dos shoppings, que entram com estrutura e experiência de varejo." De acordo com dados divulgados pela CH Carolina Herrera, as vendas da primeira butique brasileira, no shopping Cidade Jardim, também foram além do esperado, principalmente entre os itens de vestuário. Os resultados animaram a empresa que, em março de 2011 abrirá um ponto na ala nova do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo e, no final de 2012 chega ao Village Mall, no Rio de Janeiro. "Os shoppings têm acelerado seus projetos de expansão e estão oferecendo condições atraentes para as grifes de luxo", aponta Eduardo Terra, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar). "Há espaço para a chegada de mais grifes. O acesso ao luxo está se expandindo e o consumo, amadurecendo", concorda o consultor Luiz Alberto Marinho, da Brand Works. Mas ainda é cedo para falar em grandes lucros com as operações locais, diz Eduardo Terra. "Acredito que esse seja um projeto de médio e longo prazo." Diferentemente de outros lugares do mundo, onde comercializam seus artigos também em lojas de departamento, como a americana Berdorf Goodman e a francesa Galeries Lafayette, aqui as grifes dependem das vendas das butiques próprias, o que diminui os ganhos. "Para piorar o quadro, nossos preços em dólar são os mais caros do mundo", completa Terra. Para se ter uma ideia, no México, os produtos de luxo custam cerca de 15% mais caros que nos Estados Unidos. No Brasil essa diferença é de 100%. Desta forma, diz Luiz Alberto Marinho, não se pode ignorar que muitos dos consumidores prefiram comprar em viagens para o exterior - onde pagam preços menores. "Isso se deve à alta carga tributária praticada no Brasil." De acordo com dados levantados pela Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), 41% dos consumidores preferem adquirir bens no exterior. "Acredito que esse é um momento estratégico para as marcas globais. É hora de ganhar território", afirma Marinho. (V.B.)


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