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Importadores de máquinas minimizam ajuda do câmbio

Veículo: Valor Econômico
Seção: Empresas
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A Abimei – entidade que representa os importadores de máquinas e equipamentos – relativizou hoje a influência do maior poder de compra do real na invasão de bens de capital importados no país. Para a associação, a valorização da moeda brasileira, na verdade, limita a tomada de investimentos por clientes do setor, uma vez que prejudica a competitividade da indústria nacional. “O dólar fraco, ao contrário do que se pensa, favorece pouco ao aumento das importações”, afirmou Ennio Crispino, presidente da Abimei, acrescentando que uma apreciação da divisa fortaleceria a demanda por bens de capital, sejam eles nacionais ou importados. Dados divulgados pela Abimaq – que representa a indústria de máquinas nacional – mostram que as importações de bens de capital mecânicos cresceram 31,8% até outubro, chegando a US$ 20,361 bilhões, montante que deverá chegar a US$ 24,430 bilhões até dezembro, nas contas da entidade. Na avaliação de Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, o país já entrou em um “processo claro” de desindustrialização. Durante entrevista coletiva a jornalistas, o dirigente cobrou, além de medidas para controlar o câmbio, a desoneração dos investimentos e a continuidade das taxas de juros reduzidas, de 5,5% ao ano, no financiamento de máquinas, cujo término está previsto para março. “Estamos numa encruzilhada em que o Brasil vai ter que escolher o caminho que quer seguir (ser grande exportador de commodities ou de máquinas)”, disse Aubert Neto. Um dos pleitos da Abimaq é o aumento de 14% para 35% da alíquota do imposto de importação de máquinas com similares nacionais. A demanda, é claro, encontra resistência entre os importadores. “Isso não tem sentido a um país que pretende ser competitivo. Penalizaria o empresário nacional”, comentou Crispino durante evento com a imprensa promovido pela Abimei nesta quarta-feira. Os produtores chineses são os que melhor aproveitam a recuperação nos investimentos brasileiros após a crise. Em seis anos, a participação da China nas importações do Brasil de bens de capital mecânicos saltou de 2,1% para 12,5% - atrás apenas dos Estados Unidos, que respondem por 24,6%. No entanto, como as compras das máquinas da China crescem de forma mais célere, Aubert Neto aposta que os chineses podem assumir a liderança em um prazo de dois anos. Por sua vez, Crispino diz que a China avança nos setores de baixa tecnologia, em que o Brasil deixou de ter uma atuação significativa. “A vocação da indústria nacional é, sobretudo, para média e alta tecnologia. Não temos escala para brigar em baixa tecnologia com a China.” (Eduardo Laguna | Valor)


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