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A árdua tarefa da nova presidente

Veículo: DCI
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Paulo Sérgio Xavier Dias da Silva

As reformas tributária, trabalhista e política devem ser a prioridade de Dilma Rousseff, aproveitando o aval das urnas.

A eleição da primeira mulher presidente do Brasil constitui-se num fato inusitado e de grande significado para a nossa sociedade e para a política nacional, evidenciando que atingimos o expoente da igualdade dos sexos.

A mulher brasileira, que já vinha ocupando com competência funções executivas e até mesmo atividades restritas ao sexo masculino, chega neste momento ao cargo máximo da nação.

Trata-se de verdadeira mudança de paradigma, e não somente "paradilgma"

A expectativa é enorme, e a responsabilidade, ainda maior.

Dilma Rousseff tem de superar o ônus de ter sido eleita somente pelo carisma e empenho do seu padrinho, o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e mostrar sua competência.

Haverá necessidade de algumas mudanças no Palácio do Planalto na gestão de Dilma, nem que sejam só de móveis.

Para começar, tem de acelerar o Programa de Aceleração do Crescimento -PAC.

Essa é uma tarefa da qual Dilma não poderá escapar, já que o presidente Lula a denominou mãe do PAC, e, pela lentidão na execução dos projetos tivemos de rebatizá-la, em artigos anteriores, de a madrasta do PAC, além de mudar o significado de PAC, para Programa de Adiamento do Crescimento.

Seguem "outras sugestões", que mesmo de graça podem valer a pena.

Nos seus primeiros atos, e aproveitando do aval das urnas e da maioria da base aliada, Dilma Rousseff deveria enviar ao Congresso as reformas tributária, trabalhista e política.

Se a nova presidente deixar essa iniciativa para depois, a barganha de cargos e os conflitos de interesses vão prevalecer.

É preciso também atentar para o fato de que Lula, com todo o seu prestígio, não conseguiu implantar essas reformas fundamentais para o crescimento do País.

Dilma Rousseff precisará também defender a indústria nacional, desonerando os investimentos produtivos, incentivando o desenvolvimento tecnológico e o aumento da capacidade instalada para viabilizar o atendimento da expansão do mercado interno.

A nova presidente deverá fomentar igualdade de condições entre os produtos nacionais e os seus concorrentes estrangeiros, impedindo a desindustrialização, derivada do aumento excessivo de importações.

Outra tarefa de Dilma Rousseff ao assumir a Presidência será utilizar todo o arsenal econômico disponível para vencer a guerra cambial e evitar a supervalorização do real e explosão do déficit na nossa balança de pagamentos.

Ela precisa, ainda, controlar os gastos públicos, reduzindo o custo da máquina administrativa, racionalizando despesas para aumentar os investimentos em áreas prioritárias, como saúde, educação, segurança, habitação, saneamento e infraestrutura.

Por falar em infraestrutura, não se pode esquecer de que nossa situação nesse setor está ficando insuportável.

Basta andar nas estradas federais, embarcar ou desembarcar em nossos aeroportos, ou tentar enviar e receber cargas através dos portos brasileiros.

Vamos ter de avançar muito para atender o aumento dos turistas que virão para participar da Copa do Mundo de 1914 e das Olimpíadas de 1916.

Reduzir o número excessivo de ministérios é outra tarefa de Dilma Rousseff. O Brasil, com seus 37 ministérios, deve ser um dos países que mais têm ministros no planeta.

Os Estados Unidos têm 15, a Alemanha tem 14, a França, 16, o Reino Unido, 17 e até o Chile, 22.

O Brasil tem ministério para tudo, só falta criar o dos assuntos aleatórios, omissos e por definir. Some-se o número elevado de cargos de confiança, de "aspones" e toda burocracia e mordomias inerentes a sua estrutura organizacional.

Ela deve prestigiar os cargos de carreira da administração pública, eliminando as nomeações de amigos, parentes ou de simples exigência de militância partidária, sem preparo profissional para assumir funções de caráter técnico.

É urgente também declarar guerra total à corrupção e ao tráfico de influências; eu disse guerra, não "erenice guerra".

Deve, ainda, a nova presidente, diminuir as taxas de juros primários, para patamares praticados no mercado financeiro internacional, impedindo a especulação financeira, o desestímulo aos investimentos produtivos, a elevação da dívida pública e de seu alto custo, retirando finalmente do Brasil, o triste título de campeão mundial dos juros altos.

Finalmente, Dilma Rousseff precisa manter a promessa do seu primeiro pronunciamento, logo depois de ter sido eleita, no sentido de valorizar a preciosa liberdade de imprensa e conviver tanto com os elogios quanto com as críticas, quando merecidas.

Deve-se ressaltar que o discurso de nossa futura presidente foi até razoável, mas vamos ver se as promessas elencadas serão realmente cumpridas.

Ela terá de conviver com as pressões dos partidos aliados por cargos e por verbas. Precisará ter em mente que não poderá fracassar, e lutar para impedir o retorno dos escândalos, como o mensalão, pois não contará mais com a defesa, a popularidade e o jogo de cintura de seu criador, o presidente Lula.

E, daqui por diante, a nova presidente deve continuar como "Dilminha, paz e amor, livre, leve e solta" e aproveitar este momento para comemorar e dançar ao som da música "abra suas asas, solte suas feras, caia na gandaia, entre nesta festa", como cantavam as saudosas Frenéticas nos anos setenta.

Considerações e sátiras à parte, desejamos pleno sucesso à sua gestão presidencial, e que, sob seu comando, o Brasil alcance o verdadeiro e merecido progresso econômico e social.



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