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Problemas não tiram otimismo do setor têxtil

Veículo: Valor Econômico
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Júlia Pitthan e Murillo Camarotto | De Florianópolis e do Recife
08/11/2010

Apesar da competitividade dos produtos importados, do câmbio desfavorável e do aumento nos custos de produção - com altas históricas no preço do algodão - o setor têxtil está otimista com o último trimestre do ano. A fabricante de itens de cama, mesa e banho Lepper, com sede em Joinville, espera alcançar 10% de crescimento nas vendas de fim de ano. No Nordeste, a fabricante de lingerie Hope manteve o ritmo forte da produção em outubro, em linha com a estimativa de alta de 40% no faturamento em relação a 2009.

Com foco nas classes C e D, a Lepper possui mais de 20 marcas infanto-juvenis no seu portfólio. Os licenciados são o carro-chefe da empresa em vendas. O aquecimento nas vendas de fim de ano já é sentido no nível de produção da Lepper. "O mês de setembro foi o melhor do ano em faturamento e também conseguimos atingir um ótimo nível de ocupação em nossa produção", diz Osmair Rossi, diretor-financeiro da Lepper.

A empresa não informa o valor do faturamento. Segundo Rossi, a Lepper trabalha com 90% da capacidade tomada. O bom nível de ocupação deve se manter em novembro, projeta o diretor.

Rolf Buddemeyer, diretor-comercial da indústria têxtil que leva seu sobrenome, diz que a empresa sustenta uma visão "moderadamente otimista" com relação ao resultado do último trimestre do ano. "O setor de cama, mesa e banho não acompanha o mesmo ritmo de crescimento do que outros produtos, como eletrodomésticos, que dependem mais de oferta de crédito", explica.

Ele afirma que em volume a Buddemeyer deve apresentar crescimento, mas o resultado de vendas pode ser impactado pelos custos do algodão, que dobraram de preço nos últimos 12 meses. Apesar do cenário, a empresa, que tem sede em São Bento do Sul, trabalha com capacidade tomada e em ritmo 20% superior do que no mesmo período de 2009. A estimativa da companhia é fechar o ano com faturamento de R$ 160 milhões, cerca de 15% de crescimento em relação ao exercício passado.

Os níveis de estoque, segundo Buddemeyer, não são motivo de preocupação. "Gostaríamos de ter até mais estoque para podermos nos proteger melhor da alta do algodão", diz. Segundo ele, há dificuldade de repassar o aumento para o consumidor final.

A alta do algodão também preocupa a Lepper. "A alta constante do preço do algodão nos últimos meses vem impactando negativamente nos resultados, visto que não estamos conseguindo repassar integralmente em nossos preços finais", diz Rossi.

O diretor-comercial da Hope, Carlos Eduardo Padula, conta que o mercado brasileiro e mundial de lingerie vive um momento de forte demanda e que a Hope está conseguindo tirar proveito da situação.

Com três unidades no município de Maranguape, região metropolitana de Fortaleza, a companhia está produzindo aos sábados para dar conta das encomendas de fim de ano e poderá repetir o trabalho em outros domingos, como já ocorreu no dia 31. Segundo Padula, a operação dominical poderá ser implantada à medida que chegarem os pedidos emergenciais de fim de ano, o que não é raro no setor. "O setor varejista de lingerie ainda não trabalha com um planejamento tão bem definido. Por isso é comum que surjam pedidos de última hora", explicou o executivo.



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