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Mantega diz que tem arma para conter a alta do real

Veículo: O Globo
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Martha Beck


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o governo ainda dispõe de uma “arma de grosso calibre” para frear a excessiva valorização do real em relação ao dólar. Sem dar detalhes, ele disse estar satisfeito com as ações que já foram adotadas até agora, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a entrada de capital estrangeiro. Salientou, porém, que a flutuação cambial é observada diariamente e depende não apenas do que é feito no Brasil, mas também do que ocorre em outros países, como EUA e China.

— Falei que tinha um arsenal de várias armas, de pequeno calibre, de médio, e de grosso. A de grosso calibre ainda não foi usada. E não será usada se não for necessário. A gente prefere não interferir (no mercado) e deixar que haja flutuação, mas é preciso que os outros países façam o mesmo.

Segundo Mantega, caso o quadro cambial se reequilibre, o governo pode até mesmo retroceder no que já foi feito: — Nós até poderíamos retroceder em alguma medida se houver diminuição da volatilidade e valorização da moeda americana ou da moeda chinesa.

Mantega negou que o governo esteja estudando retomar a cobrança do Imposto de Renda (IR) sobre investimentos estrangeiros em renda fixa. Mas disse que faz parte da estratégia da equipe econômica fazer novas captações de recursos no mercado internacional por meio da emissão de bônus em reais. Esse tipo de operação ajuda a reduzir a entrada de dólares no mercado nacional, pois permite que os aplicadores aproveitem a rentabilidade oferecida por títulos brasileiros sem ter que ingressar com moeda no país.

— Faremos emissões de bônus em reais com mais frequência, inclusive este ano — disse Mantega.

O ministro disse que a intenção do governo não é estancar a entrada de capital estrangeiro de longo prazo, que é voltada para investimentos. A meta é evitar especulação a curto prazo: — Não queremos estancar o fluxo de capital para o Brasil. O investimento estrangeiro direto é bem-vindo.

Dispensamos o capital de curto prazo porque causa turbulência.

Mantega negou que um ajuste fiscal mais forte ajudaria o Banco Central a conter pressões inflacionárias e, portanto, a baixar a taxa de juros. Segundo ele, a inflação está sob controle.

Com o aumento do IOF, nas duas últimas semanas o saldo das aplicações que buscaram o país foi de apenas US$ 80 milhões, ao passo que só no dia 1ode outubro, com a expectativa de adoção de novas medidas contra a queda do dólar ante o real, entrou no Brasil US$ 1,316 bilhão.

No mês, há um superávit financeiro de US$ 3,345 bilhões — a segunda melhor marca do ano.

Ontem, o dólar caiu 0,46%, a R$ 1,701. A queda frente ao real seguiu a tendência de moedas como iene, dólar canadense e euro. O Ibovespa, principal referência da Bolsa de Valores de São Paulo, teve alta de 0,07%.

COLABOROU Lucianne Carneiro



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