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LOGÍSTICA REVERSA: UM INTERESSE CRESCENTE

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Por Madson Denes Romário Lima
Jerffeson de Souza Pardo¹
Madson Denes Romário Lima¹
Marcelo Costa Campos¹
Richelle Pereira Gomes¹
Rodrigo da Silva Pereira¹
Antônio Macedo Figueiredo Junior²

A logística reversa vem despertando um interesse crescente nas organizações
empresariais e nas pesquisas científicas, uma vez que torna possível melhorar o
desempenho e a competitividade das organizações. Dentro desta ótica, a logística
reversa e o estudo dos canais de distribuição reverso, se destacam como uma nova
área de estudo da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as
informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pósconsumo
ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição
reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal,
logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Este estudo tem o objetivo de fazer uma análise sobre a logística reversa, com enfoque
demonstrar porque a Logística Reversa tornou-se evidente nos dias atuais. Isso porque
se percebe que existe um escasso referencial bibliográfico acerca do tema, o que
dificulta a obtenção de informações e uma visão mais abrangente e didática sobre este
assunto. No Brasil, o problema é ainda mais grave, uma vez que somente agora os
pesquisadores estão voltando os olhos para essa questão. Portanto, a escolha do tema
se justifica pela necessidade de pesquisas nesta área.

Para a realização desta pesquisa foram utilizados três procedimentos metodológicos: a
pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva e a explicativa. Essas se realizaram através
de uma pesquisa bibliográfica a partir de materiais já publicados: livros, artigos e
textos disponibilizados na Internet que permitiu a obtenção e posterior análise dos
dados necessários para a discussão da logística reversa.

O trabalho foi desenvolvido sobre o tema proposto caracterizando o objetivo a ser
alcançado e a justificativa para a escolha do tema, apresenta uma análise, a luz de
referencial teórico da logística reversa no sentido de apreender e esclarecer o porquê
do crescente interesse das empresas e identificar as oportunidades, faz uma
abordagem e discute sobre a logística reversa.

REFERENCIAL TEÓRICO

O fluxo logístico reverso é comum para uma boa parte das empresas. As siderúrgicas
usam como insumo de produção, em grande parte, a sucata gerada por seus clientes e,
para isso, usam centros coletores de carga. A indústria de latas de alumínio é notável
no seu grande aproveitamento de matéria-prima reciclada, tendo desenvolvido meios
inovadores na coleta de latas descartadas.

Existem ainda outros setores da indústria nos quais o processo de gerenciamento da
Logística Reversa é mais recente, como na indústria de eletrônicos, varejo e
automobilística. Esses setores também têm de lidar com o fluxo de retorno de
embalagens, de devolução de clientes ou do reaproveitamento de materiais para
produção. Esse não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso de sucata na
produção e reciclagem de vidro tem sido praticado há bastante tempo. Por outro lado,
tem-se observado que o escopo e a escala das atividades de reciclagem e
reaproveitamento de produtos e embalagens têm aumentado consideravelmente nos
últimos anos.

As empresas incentivadas pelas Normas ISO 14000 e preocupadas com a gestão
ambiental começaram a reciclar materiais e embalagens descartáveis, tais como: latas
de alumínio, garrafas plásticas, caixas de papelão, entre outras, que, por sua vez,
passaram a se destacar como matérias-primas e deixaram de ser tratadas como lixo. A
logística reversa está presente no processo de reciclagem, uma vez que esses materiais
retornam a diferentes centros produtivos em forma de matéria-prima.

Segundo LACERDA (2004), os processos de Logística Reversa têm trazido consideráveis
retornos para as empresas. O reaproveitamento de materiais e a economia com
embalagens retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas
iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria nos processos de Logística
Reversa.

Dentre as definições de logística reversa esta a de. STOCK (1992:73), definição:
“Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao
papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição
de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e
remanufatura....”

De acordo com LACERDA (2004), os clientes valorizam as empresas que possuem
políticas de retorno de produtos, pois isso garante-lhes o direito de devolução ou troca
de produtos. Esse processo envolve uma estrutura para recebimento, classificação e
expedição de produtos retornados, bem como um novo processo no caso de uma nova
saída desse mesmo produto.

Dessa forma, empresas que possuem um processo de Logística Reversa bem gerido,
tendem a se sobressair no mercado, uma vez que estas podem atender seus clientes
de forma melhor e diferenciada de seus concorrentes. Preocupadas com questões
ambientais as empresas estão cada vez mais acompanhando o ciclo de vida de seus
produtos. Isso se torna cada vez mais claro quando se observa um crescimento
considerável no número de empresas que trabalham com reciclagem de materiais.

Segundo GRIPPI (2001), o lixo é a matéria-prima fora de lugar. A forma com que uma
sociedade trata seu lixo, dos velhos, dos meninos de rua e dos doentes atesta seu grau
de civilização, o tratamento do lixo doméstico e industrial, alem de ser uma questão
com implicações tecnológicas, é antes de tudo uma questão cultural.

É fundamental, porém, que a reciclagem seja percebida em toda sua complexidade, e
não apenas como única e inquestionável alternativa. O principal enfoque da
reciclagem como instrumento para combate à crise ambiental deve se dar muito
menos do ponto de vista da mitigação do esgotamento de recursos, da ecomonia, de
energia ou redução de inpactos; seu grande valor está no potencial de sensibilização e
mobilização dos indivíduos e coletividades em relação à necessidade de desenvolver
uma visão crítica dos processos de produção e consumo.

Segundo NETTO (2004), o Brasil é atualmente o país que possui o maior índice de
reciclagem de embalagens de alumínio do mundo. De acordo com a Associação
Brasileira de Alumínio (ABAL), 87% de todas as latas consumidas no período (cerca de 9
bilhões de unidades) foram reaproveitadas pela indústria, gerando faturamento de R$
850 milhões e 152 mil empregos diretos e indiretos. A reciclagem proporcionou
também economia de 1,7 mil Gigawatts hora/ano, correspondendo a 0,5% de toda a
energia gerada no país e suficiente para abastecer a cidade de Campinas, com 1 milhão
de habitantes.

Como exemplo da relevância da logística reversa, tem-se que no ano de 2000 o Brasil
reciclou mais de 7,4 bilhões de latas de alumínio, que representa 111 mil toneladas. O
material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 2 mil
sucateiros, responsáveis por 50% do suprimento de sucata de alumínio à indústria.

Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades
filantrópicas. O mercado brasileiro de sucata de latas de alumínio movimenta US$ 129
milhões por ano. As latas corresponderam a 82,3 mil das 182 mil toneladas de sucata
de alumínio disponíveis para reciclagem em 1999. Com liga metálica mais pura, essa
sucata volta em forma de lâminas à produção de latas ou é repassada para fundição de
autopeças. Em 1999, o índice foi de 73%. Os números brasileiros superam países
industrializados como Inglaterra e Alemanha (Reciclagem, 2002).

Apesar de sua recente história, a indústria do plástico é dos setores da economia que
mais se desenvolveu nos últimos anos em todo o mundo. No Brasil, produção desse
material apresenta números bastantes expressivos:
Ø Mais de 6 mil empresas transformadoras de plástico no mercado nacional.
Ø Faturamento global do setor de aproximadamente US$ 5 bilhões/ ano.
Ø Geração de 200 mil empregos diretos. ³

Diante da realidade do comércio mundial, onde uma das características básicas é o
dinamismo, transformando o novo em ultrapassado num espaço de tempo
relativamente curto, somado às crescentes exigências dos consumidores, assim como
o acirramento da concorrência, a sobrevivência da empresa baseia-se na sua
capacidade de atender todas essas exigências sem, no entanto, perder o foco no seu
objeto principal, ou seja, na qualidade de seus produtos ou serviços sempre buscando,
mais do que a satisfação de seus clientes.

Com a necessidade de encontrar estratégias eficazes muitas empresas acabaram por
absorver uma gama de teorias administrativas que foram surgindo na tentativa de
instrumentalizar às empresas para enfrentarem o novo contexto mercadológico, ao
ponto de provocarem um desgaste tanto de seu pessoal quanto de seus clientes.
Muitas vezes as novas teorias fracassaram por falta de conhecimento ou por pouco
comprometimento de todos os setores da empresa.

No sucesso comprovado de algumas empresas outras tantas tentaram implantar a
logística, no entanto, na falta ou pouco conhecimento sobre os fatores que implicam
no processo logístico, recursos foram desperdiçados e o foco principal da empresa foi
descaracterizado.

No caso da logística reversa, verifica-se que diante das ações que visam à preservação
do meio ambiente, visando o desenvolvimento sustentável, o planejamento eficiente
da mesma tornou-se fundamental não só para as empresas, mas também para a
sociedade como um todo.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, considera-se que a qualificação da Logística Reversa pode vir a contribuir
de forma significativa para o incremento da reutilização de materiais recicláveis, mas
com necessários esforços para o aumento de eficiência, com iniciativas para melhor
estruturar tais sistemas de logística reversa.

A revalorização legal dos resíduos de pós-consumo, operacionalizada pela logística
reversa, resolve o problema da destinação dos resíduos garantindo o seu retorno ao
ciclo produtivo e de negócios e, ao mesmo tempo, obedece às legislações vigentes,
além de considerar a obtenção de competitividade através da otimização dos recursos
naturais, transformando resíduos em matéria-prima novamente.

De acordo com a afirmação de Leite (2003), empresas fabricantes de produtos que
impactem negativamente o meio ambiente, serão, afetadas por legislações restritivas
às suas operações e oneradas em custos que podem ser evitados, tendo também sua
imagem corporativa prejudicada perante a sociedade. Este problema pode ser evitado
se as empresas anteciparem-se e adotarem em suas operações a logística reversa. Esta
pode ser viabilizada estabelecendo-se parcerias para constituir redes logísticas
reversas, reaproveitando recursos existentes, projetando novos produtos que utilizem
resíduos, agregando valor aos resíduos e comercializando-os no mercado secundário.

Conclui-se que a logística reversa proporciona vantagens competitivas para a
organização tanto em termos financeiros, ao reduzir os custos com embalagens, como
também fortalecendo sua marca ao implementar um projeto que respeita o meioambiente
e procura um resultado sustentável.

REFERÊNCIAS
NETTO, R. M. Logística reversa: uma nova ferramenta de relacionamento.
In: www.guialogística.com.br. Acesso em 14 mai./2004.
STOCK, J. R & LAMBERT, D. M. Becoming a World Class Company with Logistics Service
Quality. International Journal of Logistics Management, vol. 3, n. 7, 1992, pp. 73- 81.
LACERDA, L. Logística Reversa - uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas
operacionais. In: http://www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel/new/fr-ver.htm. Acesso em
04 Fev./2004.
___________ Reciclagem. In: http://www.reciclagem.com.br. Acesso em 10
mar./2004.
GRIPPI, S. Lixo, reciclagem e sua história – Guia para as prefeituras brasileiras. Edit.
Interciência.
LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo
Prentice Hall, 2003.
Internet
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2006_TR560372_8550.pdf
http://www.facef.br/rea/edicao07/ed07_art03.pdf
http://www.jotmi.org/index.php/GT/article/viewFile/cas2/47


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