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O risco da degola

Veículo: Diário Catarinense
Seção: Moacir Pereira
Página:

  • O risco da degola

    Estudos conjuntos que estão sendo realizados pela Secretaria da Fazenda e pela Federação das Indústrias poderão resultar em ajustes na legislação do Pró-Emprego e em incentivos às empresas aqui instaladas que sofrem a concorrência predatória das importações.

    De acordo com o vice-presidente da Fiesc, Glauco Corte, estas novas avaliações visam, basicamente, a proteger os empregos em Santa Catarina, evitando que as importações possam transferir postos de trabalho para outros países, ou o Estado seja transformado apenas num simples entreposto comercial. Os dados levantados pela Fiesc revelam que as exportações tiveram, no primeiro semestre, um crescimento de 15%, o que ajuda a fortalecer o setor produtivo. O problema é que as importações atingiram mais de 60%.

    O aumento significativo das importações não prejudica apenas a indústria catarinense, especialmente os setores têxtil, de vestuário e cerâmico. O dilema é nacional. O Estado, contudo, sofre mais pela existência do Pró-Emprego, instrumento criado no governo Luiz Henrique para gerar empregos com importações. Acontece que algumas trades aqui instaladas pouco produzem. Promovem aumento da receita, é verdade. Mas também terceirizam os serviços e competem de forma desleal com a indústria local. O dólar em baixa contribui com mais força para a elevação das importações. No que se refere à indústria catarinense tem, também, aspectos positivos. De um lado, barateia o custo das matérias-primas, e, de outro, facilita a importação de máquinas e equipamentos, que viabilizam mais qualidade nos produtos.

  • Concorrência

    Durante a visita do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o diretor de Relações com Investidores da RenauxView, Márcio Bertoldi, fez um depoimento dramático na sede da Fiesc sobre o drama da concorrência predatória. Sua empresa tinha um patrimônio líquido negativo de R$ 170 milhões há quatro anos. O empresário Armando Hess de Souza assumiu o comando do grupo empresarial e reduziu de forma drástica a dívida. O problema, agora, está na concorrência dos importados. Com o aumento no preço do algodão, fruto da quebra da safra internacional, a situação poderá complicar o setor têxtil catarinense. O Brasil deverá importar 250 mil toneladas de algodão. Nos últimos 30 dias, segundo a Abit, os preços tiveram aumento de 29% no mercado mundial. Se o governo federal não reduzir as tarifas de importação, a crise poderá se agravar.

    Márcio Bertoldi informou que, para o setor têxtil, o algodão representa de 60% a 80% do custo. A energia elétrica entra com 8% e o resto fica com tributos e mão de obra. Os governos da China e da Índia oferecem condições especiais para a produção têxtil. A energia elétrica, por exemplo, não tem a mesma incidência tributária daqui. Ele sugeriu ao ministro Padilha que proponha ao presidente Lula medidas de proteção da indústria brasileira, sob pena de transferência dos parques fabris para outros países.

    Sucessora da Têxtil Renaux, de Brusque, a RenauxView tem muitas preciosidades históricas. Entre elas, no corpo funcional, a ativa presença do senhor Whalter Ortmann. Está com 88 anos. Tem a carteira de trabalho mais antiga do Brasil, com 72 anos. Começou como estafeta. Neste momento, viaja pelo Nordeste fazendo pedidos. É destaque catarinense no Guinness Worl of Records. Se medidas não forem adotadas, até ele corre o risco da degola.



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