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Vicunha investe no Equador e negocia ativo na Argentina

Veículo: Valor Econômico
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    Ivo Ribeiro, de São Paulo
    18/08/2010
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Sergio Zacchi/Valor
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D'Isep, diretor financeiro: "Analisamos vários ativos na Argentina e esperamos fechar a aquisição de um em breve"

A Vicunha Têxtil, comandada pelo empresário Ricardo Steinbruch, garante estar pronta para levar avante seu plano de crescimento, com foco de investimento em novas bases de produção e comerciais na América Latina. A empresa está prestes a fechar a compra de uma unidade de produção na Argentina, onde só atua comercialmente com produto do Brasil, vai investir US$ 25 milhões na fábrica do Equador, para duplicar sua produção, e abrir um centro de distribuição no México, próximo ao polo de confecção do país para atender melhor o mercado americano.

Esses movimentos só se tornaram viáveis após o equacionamento da dívida de quase R$ 500 milhões, boa parte oriunda de operações de derivativos já resolvidas.. Foi feito um aporte de R$ 250 milhões pelo BTG Pactual em junho, por meio de um fundo, o Nala. O banco de André Esteves passou a ter 37,5% do capital total da Têxtília, holding que controla a fabricante têxtil da família Steinbruch.

A fábrica do Equador, que será a grande base de produção fora do Brasil, a partir de julho passou ao controle direto da Vicunha. Antes, pertencia à Textilia. Essa operação situada na capital Quito passará a produzir 24 milhões de metros quadrados de tecidos por ano a partir de abril de 2011. "Com tributação incentivada poderá , com mix premium de produtos, até disputar o mercado europeu", explicou José Mauricio D'Isep, diretor financeiro e de relações com investidores da Vicunha Têxtil. Hoje, com muita dificuldade, as vendas nesse mercado são feitas a partir do Brasil. Além do real valorizado, o executivo aponta imposto de proteção ao tecido brasileiro.

D'Isep informou que o Banco do Brasil está financiando US$ 15 milhões do investimento no Equador. O restante está sendo negociado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Hoje, essa unidade fabril atende o mercado local e o da Colômbia. Com a expansão, poderá também suprir o centro de distribuição a ser montado no México.

A recuperação do mercado argentino, segundo o diretor, já justifica a aquisição de um ativo produtivo no país. Segundo ele, a Vicunha é dona de 12% desse mercado, mas quer ter presença maior com operações próprias. "Analisamos vários ativos e esperamos fechar a aquisição de um em breve", informou.

Ricardo Steinbruch, presidente da companhia, afirmou que "o plano é se consolidar produtivamente na América do Sul e garantir um posicionamento estratégico da Vicunha na América Latina. A partir daí, ganhar competitividade para atender os mercados americano e europeu". A dificuldade para entrar na Europa pelo Brasil é a taxa de 12%, ante zero para o material de Egito, Paquistão, Índia e Marrocos. "Só ganhamos com produtos premium". O Equador também usufrui desse benefício, informa D'Isep.

"Nossa atuação, a partir de 1º de julho, está centrada apenas no negócio de tecidos de índigo e brim, nas fábricas do Nordeste, que já respondiam por 70% da receita e pela totalidade dos resultados positivos", informou o diretor financeiro. A unidade de viscose, deficitária, foi transferida à holding Vicunha Participações pela bagatela de R$ 10,7 milhões. Operada pela Texfibra, fica em Americana (SP).

Para sustentar o plano de investimento, que envolve uma nova fábrica em Mato Grosso (R$ 350 milhões, em dez anos) e a modernização das três unidades do Nordeste (R$ 240 milhões), a empresa espera contar com recursos do BNDES, do fundo FNDE, que tem gestão do Banco do Nordeste, e do fundo da região Norte gerido pelo Basa. Mas isso não será suficiente, informa Steinbruch. Ele admite a entrada de um novo sócio estratégico no capital da Vicunha Têxtil - fundo de private equity ou de investimentos. "Alguém que queira participar do crescimento da empresa, hoje a terceira maior fabricante de índigo e brim do mundo", diz.

Essa capitalização a mais, afirma, vai robustecer a empresa. A Textília tem 87% do capital total da Vicunha, portanto, com espaço para abrigar novo acionista.

Por conta da melhoria da dívida e da demanda no mercado interno, para onde destinou 85% das vendas, a Vicunha fechou o primeiro semestre com lucro de R$ 40,2 milhões, comparado a um prejuízo de R$ 226 milhões no mesmo trimestre de 2009. O segundo trimestre contribuiu com R$ 34 milhões. O desempenho foi superior ao planejado, diz D'Isep. A receita bruta foi de R$ 470 milhões no trimestre, comparado a R$ 420 milhões previstos e acima dos R$ 390 milhões de um ano atrás. O lucro operacional (lajida) passou de R$ 53 milhões para R$ 83 milhões no período.

"Com investimentos, vamos adicionar 1,8 milhão de metros quadrados/mês no Nordeste", diz Steinbruch, lembrando que a Vicunha hoje opera no limite. "E teremos mais 1 milhão no Equador".



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