Notícias

Brasil crescerá 7,6%

Veículo: Correio Braziliense
Seção:
Página:



Mariana Mainenti

O Brasil crescerá 7,6% em 2010. A previsão é da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), que divulgou ontem, no Chile, seu estudo econômico referente ao período 2009-2010. “É uma projeção otimista, mas baseada no fôlego que a economia vem demonstrando este ano”, disse ao Correio o economista Carlos Mussi, responsável na Cepal pela análise da situação brasileira. A estimativa foi feita com base nos indicadores divulgados no país até o início de maio, e, após o primeiro trimestre, houve uma desaceleração da economia. Mas, segundo Mussi, essa diferença não alteraria significativamente a projeção da Cepal.

Para 2011, a Cepal prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá 4,5%. “Em parte, a estimativa de crescimento para o ano que vem é menor por um efeito estatístico (a economia brasileira está crescendo rápido porque a base anterior era baixa devido à crise). Além disso, há incertezas na economia internacional”, disse Mussi.

Para toda a região da América Latina e Caribe, o crescimento estimado pela Cepal é de 5,2% este ano. “O crescimento é mais alto do que se previa. Mas o desempenho é muito heterogêneo dentro da região. Destacam-se o Mercosul e os Estados que tiveram maior capacidade de implementar políticas públicas”, afirmou a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ao apresentar à imprensa o estudo em Santiago, no Chile.

Além do Brasil, as maiores taxas de crescimento são observadas no Uruguai (7%), no Paraguai (7%), na Argentina (6,8%) e no Peru (6,7%). A República Dominicana crescerá 6%; o Panamá, 5%; a Bolívia, 4,5%; o Chile, 4,3%; o México, 4,1%; a Colômbia, 3,7%; Equador e Honduras, 2,5%; Nicarágua e Guatemala, 2%. De acordo com o estudo, a Venezuela terá queda de 3% e o Haiti, de 8,5%, como consequência dos efeitos do terremoto que destruiu o país em janeiro deste ano.

O economista do Santander, Cristiano Souza, considera que as projeções da Cepal estão em linha com as do mercado para a região. “O cenário para a América Latina é bom. Foi o continente menos afetado pela crise”, disse. Para o Brasil, o Santander prevê um crescimento de 7,8%. “No Brasil, a demanda interna é o grande fator de estímulo ao crescimento”, destacou Souza.

FAT TEM SALDO DE R$ 3,2 BI
» O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) registrou um saldo positivo de R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre. O valor é 88,15% maior que o registrado no mesmo período de 2009. Os recursos do FAT são usados para custear os programas de seguro-desemprego, de abono salarial e para o financiamento da qualificação profissional.

A principal fonte de arrecadação são as contribuições para o Pis-Pasep, pelo regime da Caixa Econômica Federal, que repassou ao fundo R$ 13,8 bilhões (aumento de 22,64%). Entre as despesas, foram destinados R$ 10,19 bilhões para o pagamento do seguro-desemprego, numa ampliação de 2,35% em relação ao primeiro semestre de 2009. Para custear o abono salarial, a conta foi de R$ 163,5 milhões. Em outros projetos e atividades desenvolvidos, o gasto foi de R$ 107,9 milhões.

Previsões para o PIB

Brasil / 7,6%
Uruguai / 7,0%
Paraguai / 7,0%
Argentina / 6,8%
Peru / 6,7%
República Dominicana / 6,0%
Panamá / 5,0%
Bolívia / 4,5%
Chile / 4,3%
México / 4,1%
Colômbia / 3,7%
Venezuela / -3,0%
Haiti / -8,5%

Fonte: Cepal


Atividade informal
A geração informal de riquezas no Brasil cresceu 61,9% entre 2003 e 2009. Nos cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV), a “economia subterrânea” saltou de R$ 357 bilhões para R$ 578,4 bilhões no período. Proporcionalmente, entretanto, a atividade que passa ao largo dos custos do trabalho diminuiu de 21% do PIB para 18,4%. Segundo o economista Fernando de Holanda Barbosa, responsável pela pesquisa, essa aparente contradição se deve à expansão do Produto Interno Bruto (PIB) formal, que passou de R$ 1,7 bilhão para R$ 3,14 bilhões.

O recuo também ocorreu por causa da elevação da quantidade de pessoas com emprego formal, da expansão do crédito, da maior abertura comercial às importações e das simplificações tributárias nos últimos anos. “Se a economia crescer ao redor de 7%, é factível que a economia subterrânea diminua para 18% do PIB no fim deste ano”, disse Barbosa. Na avaliação dos pesquisadores, a expansão econômica permite uma maior eficiência da produção e a formalização do mercado de trabalho.

Apesar da retração na informalidade, sua magnitude ainda preocupa. Nos 30 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o índice gira em torno de 10% do PIB. “Para se ter uma ideia do tamanho do problema, basta lembrar que a economia subterrânea do Brasil supera o PIB da Argentina”, alertou André Franco Montoro Filho, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), que encomendou o estudo.

Para o presidente do Conselho Consultivo do Etco, o ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, é preciso diferenciar as atividades ilegais, como o tráfico de drogas e de armas, das relacionadas a produtos e serviços legalizados, como o traabalho de camelôs. Além disso, a renda gerada pela economia subterrânea acaba entrando no mundo formal.

Na avaliação do presidente do conselho consultivo do ETCO, Marcílio Marques Moreira, há que se diferenciar atividades relacionadas a produtos ilegais, como tráfico de drogas e armas, das de produtos legalizados, mas informais, como camelôs. “Todos que compram um guarda-chuva de um ambulante é um pouco informal”, afirmou. Além disso, há uma dificuldade de medir a renda gerada pela informalidade. “Parte dela volta para a economia. Um ambulante, por exemplo, faz compras nos supermercados. O governo recebe parte disso em arrecadação”, disse Barbosa.


O número
R$ 578,4 bilhões
Tamanho da economia subterrânea no país, segundo a FGV


Compartilhe:

<< Voltar

Nós usamos cookies em nosso site para oferecer a melhor experiência possível. Ao continuar a navegar no site, você concorda com esse uso. Para mais informações sobre como usamos cookies, veja nossa Política de Cookies.

Continuar