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Para economistas, Serra pode desvalorizar o Real caso vença

Veículo: DCI
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Karina Nappi

Analistas do mercado financeiro apontam uma desvalorização de 5% no real em comparação com a moeda norte-americana, caso o candidato do PSDB, José Serra, vença as eleições para a Presidência da República em outubro. Um dos únicos pontos que podem ser alterados com relação a economia atual, após a eleição, é a questão da política cambial. O Serra aponta para uma pressão em auxiliar o setor exportador e elevar a competitividade por meio do dólar voltando a bater os R$ 2. Já a Dilma Rousseff (candidata do PT) deve manter a mesma trajetória do presidente Lula, disse o economista e professor da ESPM, José Amato Balian.

O economista aponta ainda que Serra se mostra contra a política que prejudica o exportador. Ele irá mudar de linha e favorecer o setor de comércio exterior, mesmo tendo como consequencias uma a pressão inflacionária e as quedas salariais, frisa.

Para o economista Fernando Ferrari, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), seja qual for o presidente eleito haverá mudança na política cambial já no próximo ano.

De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a projeção cambial para 2011 é de R$ 1,85 para cada dólar. O valor ficou estável em relação a semana anterior.

A projeção para este ano, no entanto, é de R$ 1,80. No ano passado, o real se valorizou 32,7% com relação ao dólar, recuperando as perdas de 23,17% sofridas em 2008. Este ano a valorização marca 5%.

Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder, em 2003, o real se valorizou quase 100%, passando de 3,521 por dólar para R$ 1,786 por US$ 1 (segundo o Banco Central).

Uma das principais reclamações dos empresários frente a valorização cambial é a perda de competitividade e o aumento da concorrência dos produtos chineses nos mercados intenacional e nacional pela alta volatilidade da moeda chinesa (iuane).

Para o Brasil, é importante que haja uma flexibilização da moeda chinesa, que esta possa se valorizar, porque isto dará maior equilíbrio ao comércio internacional e ao fluxo de capitais, argumentou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

O ministro pressionou a China para acelerar a valorização do iuane e com isso equilibrar o comércio mundial e aliviar a pressão sobre o real, e alertou que os países emergentes serão gravemente afetados por ajustes fiscais drásticos de países europeus.

Os ajustes drásticos a qual o ministro se refere são ligados a crise financeira e ao endividamento dos países europeus. Com tantas contas para acertar, os europeus vão deixar de comprar do melhor para comprar do mais barato. Além disso, eles estão cortando investimentos, ressalta Balian.

Mas é preciso que esta valorização se dê em um prazo relativamente curto, para que este equilibro ocorra, destacou.

O Brasil vem sofrendo valorizações de sua moeda. O governo não vai permitir que isto aconteça, mas sempre há uma pressão que pode diminuir se, por exemplo, a China permitir a valorização de sua moeda, aponta.

Quanto aos ajustes orçamentários dos países europeus, afirmou que os mesmos devem ser realistas e não inibir o crescimento. Se (os ajustes) ocorrerem em países avançados, pior ainda, porque estes países, ao invés de estimular o crescimento, prestam mais atenção no ajuste fiscal, e se são exportadores, estarão fazendo o ajuste às nossas custas, sentenciou o ministro.

Os países desenvolvidos em crise apostam, assim, em ocupar os mercados dos emergentes que estão crescendo mais, acrescentou e completou os países avançados exportadores não devem fazer ajustes fiscais muito severos que não estimulem seu consumo doméstico, pois isto joga nos ombros dos emergentes a responsabilidade da reativação econômica mundial.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que o País precisa desonerar as exportações, criar mecanismos de auxílio, reduzir os custos de transporte e dos financiamentos. Na agenda internacional, o Brasil deve insistir para que a China adote uma política cambial mais realista e reduza os subsídios domésticos.

Apesar do fluxo de dólares continuar positivo em US$ 2,1 bilhões, na primeira quinzena de julho, o Brasil registrou saída líquida de US$ 1,2 bilhão. O déficit ocorre logo após a saída recorde, registrada no mês de junho.

Os dados do BC mostram que de nada adiantou aumentar a taxa de juros. A saída dos recursos na semana passada foi liderada pelo segmento financeiro, cujo saldo negativo atingiu US$ 259 milhões. O valor foi gerado pela saída total de US$ 4,331 bilhões, superior ao ingresso de US$ 4,072 bilhões no período.


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