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Após 16 meses de aceleração, economia nacional fica estável

Veículo: DCI
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Karina Nappi

Anúncio do Banco Central feito na tarde de ontem pode mudar os rumos da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que acontece na próxima semana. De acordo com a entidade, o Brasil parou de crescer em maio, ao marcar estabilidade no Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) em 13,955 pontos, o mesmo patamar de abril. Com isso, foi interrompida uma série de 16 meses de crescimento, uma vez que o indicador vinha avançando desde janeiro de 2008.

"O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros da economia brasileira, que esta em 10,25% ao ano. Com esse resultado, o Copom vai perder um pouco de gás para manter o aumento previsto de 0,75%, conseguirá no máximo reajustar em 0,5% e chegar aos 10,75%. Mas eu acho que haverá um acréscimo de 0,25% e totalizar 10,5% ao ano", argumenta o diretor da Fractal, Celso Grisi.

A estimativa dos analistas é de que haverá novos aumentos, mas menores do que 0,75% no decorrer deste ano. A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic atinja 12% no fim de 2010. Ele completa ao dizer que não é necessário continuar a punir a economia brasileira, uma vez que os preços estão acomodados e o crescimento estabilizado. Contudo, ele frisa que o nível de empregos formais não pode estabilizar ou recuar, "o emprego deve continuar crescendo, mesmo que em ritmo menos acelerado".

Para o ministro do Trabalho Carlos Lupi, a economia não está desacelerando. "Os dados do IBC, do Banco Central, não preocupam. Pode não estar crescendo tanto. É diferente de diminuir. Os dados do emprego que eu tenho são muito positivos", disse o ministro aos jornalistas.

No comparativo anual, por sua vez, o índice apontou crescimento de 9,39% no indicador. Segundo a autoridade monetária, de janeiro a maio, o IBC-Br acumula valorização de 10,29%, sendo que em 12 meses o indicador revela alta de 5,05%.

Segundo Grisi, houve uma estagnação do crescimento, pois a Selic está muito elevada, o que reduz investimentos e o crédito e eleva a inadimplência. "Foi um combinado de fatores, juros alto, consumidor endividado e uma indisposição de manter índices mais elevados de investimentos", relata o professor.

"O mercado se posiciona na promessa de crescimento da economia, mas esquece que se não o mundo não está bem, não há razão para que devemos achar que o Brasil também está", disse o economista Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores.

Apesar de se recusar a comentar os dados, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles afirmou que "essas informações" serão avaliadas pela instituição. "O benefício de termos um Copom a cada 45 dias é que isso permite à autoridade monetária acumular informações para embasar as decisões. É por isso que o Copom não toma decisões previamente", explicou o ministro.

PIB

O BC destaca a relevância do cálculo do IBC-Br como indicador antecedente ao PIB (Produto Interno Bruto), tanto por sua periodicidade mensal quanto pela reduzida defasagem com a qual pode ser disponibilizado.

O Banco Central explica que o IBC-Br "constitui uma medida antecedente da evolução da atividade econômica". Divulgado em abrangência nacional mensalmente pelo Banco Central desde março de 2010, anteriormente era divulgado por estados, e por regiões.

"Esse índice é realmente uma prévia do PIB, por isso podemos afirmar que no segundo trimestre deste ano teremos um crescimento entre 5% e 6%. Uma vez que abril foi um mês positivo, maio teve seus altos e baixos e junho teve uma leve queda", pontua Celso Grisi.

Mesmo com o crescimento moderado Grisi afirma que o PIB no final de 2010 será de 6%.

"O FMI prevê que o PIB mundial avançará 4,6% em 2010 e 4,3% em 2011. A RC acredita que em 2010 o mundo crescerá 3,3% e no próximo ano a 3,3%. No Brasil esperamos alta do PIB em 6,5% em 2010 e de 3,5% para 2011. Isto porque vamos ser impactados pela situação de países desenvolvidos" ressalta Castro.

A estimativa do IBC-Br incorpora a produção estimada para estes três setores econômicos acrescida dos impostos sobre produtos, que são projetados a partir da evolução da oferta total (produção + importações).

"O cenário não preocupa, pelo contrário, ele tranquiliza. Vínhamos em crescimento acelerado e aumentamos o nosso déficit externo com aumento das importações. Vamos ter uma acomodação na balança comercial, menos pressão no crescimento que reduz o risco de pressão e bolhas inflacionárias", pontua Grisi.

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), a previsão do mercado é de 5,45% para este ano, acima da meta central de 4,5%. "Os preços devem se acomodar seguindo a tendência apresentada pelos números do setor de alimentos. A inflação vai recuar e fechar o ano entre 5% e 5,5%", relata Grisi.

O Índice de Atividade Econômica de maio, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que a economia do País parou de crescer após 16 meses seguidos de aceleração, e o BC pode mudar política monetária.



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