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Área de algodão no Brasil deve voltar a 1 milhão de hectares

Veículo: Valor Econômico
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    Fabiana Batista, de São Paulo
    07/07/2010
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Diante de um cenário de oferta mundial escassa, os produtores brasileiros de algodão devem ampliar em 20% a área plantada com a cultura no próximo ciclo, o 2010/11. O plantio ocorrerá apenas a partir de dezembro, mas há dois fatores que explicam essa expectativa, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha. O primeiro é a elevada rentabilidade da cultura, consequência da menor oferta global. O segundo é no grande volume de produção futura já negociada.

Cunha estima que estejam fixadas vendas de cerca de 400 mil toneladas da pluma que será colhida em 2011. O volume corresponde a um terço da atual produção do país, estimada em 840 mil toneladas. De acordo com a Abrapa, 60% da safra atual já está negociada.

Ampliar em 20% a área de plantio significará sair de 830 mil hectares para o patamar de 1 milhão de hectares, a mesma área da safra 2007/08. A retomada não demandará investimentos em máquinas e beneficiadoras de algodão, pois os produtores brasileiros já estão com 20% a 25% de ociosidade em sua infraestrutura.

A expectativa de cultivo maior em 2010/11 não ameniza as preocupações atuais da indústria têxtil com abastecimento interno. Hoje, a Abrapa e outras entidades da cadeia se reúnem com representantes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) para discutir a questão. A oferta curta se somou a um atraso na colheita atual, iniciada em junho, em um período de demanda aquecida. O resultado foi a disparada dos preços no país.

A libra-peso da pluma saiu do patamar de R$ 1,5178 em 1º de junho para R$ 1,6692 no último dia 5, segundo o Cepea/Esalq, alta de 10% em menos de dois meses e em plena safra. A situação é mais grave porque o pouco algodão colhido está sendo embarcado para cumprir contratos de exportação.

"Não há algodão no Brasil e nem de onde importar neste momento. Os estoques mundiais estão em níveis críticos", afirmou Tim Kuba, diretor da Tavex Corporation, em uma entrevista concedida ao Valor há dez dias.

A reportagem tentou falar com a Abit ontem, mas não havia um representante disponível para comentar o tema, informou a assessoria da entidade. Mas, segundo fontes do setor, entre as alternativas estudadas pela associação está pedir ao governo a retirada do imposto de 10% de importação de algodão, que incide quando o produto têxtil não é exportado. Além disso, conforme as mesmas fontes, a Abit tentará convencer as tradings que estão com esses contratos de exportação a redirecionarem a pluma ao mercado doméstico - nos casos de contratos "flex", ou seja, que têm a cláusula que permite a mudança do destino.

Segundo traders, isso só ocorrerá se a safra americana de algodão for favorável. Isso porque, nesse cenário, as tradings poderiam redirecionar a produção dos EUA ou de outros países produtores para atender aos contratos que originalmente previam a venda de algodão do Brasil.

A previsão inicial no Brasil era de colheita de 1,2 mil toneladas de pluma, mas há estimativas preliminares de queda da safrinha e da primeira safra no país.



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