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Brasil, um país que pode mais

Veículo: DCI
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Samir Keedi

O Brasil pode mais. Esta é a frase do momento. E, com razão, pois realmente o País pode mais, muito mais. No entanto, temos de começar a desmontar alguns mitos. Um deles é que o País foi descoberto em 1980. E que foi colonizado em 2003. Uma coisa é certa, e precisa ser retomada. O gosto pelo desenvolvimento.

Lembramo-nos que nos anos 60 éramos - já desde lá - considerados o país do futuro. O que segue até hoje. Uma pena, pois o futuro não existe. O que existe é o presente. Temos de virar o país do presente. Todos que têm idade suficiente, ou leem e se instruem para evoluir, sabem que nos anos 60 éramos tidos como um dos países TOP de 2000. Juntamente com Hong Kong, Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul etc., os chamados tigres asiáticos. Hoje eles o são. E o Brasil, apenas um gatinho.

Hoje essa história continua com os BRICs. Somos o país do ano 2020, ou 2030. Ou quem sabe 2780. E num país que todos sabem que pode mais. Hoje, não amanhã.

Mas, para um país com as nossas potencialidades, o que estamos fazendo não ajuda; ao contrário, atrapalha.

O mundo todo tem taxas de juros coerentes. A nossa taxa de juros é o dobro da inflação, e já com anúncio de subidas breve. Proibitiva para investimentos. E podemos citar no time de juros negativos os EUA, o Japão, a União Europeia etc. Portanto, times de primeira linha. É, mas eles não estão crescendo tanto, dirão alguns. É, mas nós também a tivemos. Menos 0,2% em 2009. No comércio exterior, então, uma queda de 24% nas exportações. O mundo teve, na média, uma redução de cerca de 23%. A China nem teve recessão, e cresceu 9%. Assim, o que tivemos não foi uma marolinha, mas uma marolona.

A nossa carga tributária é a mais alta do planeta: quase 40% de tudo que se produz em terras tupiniquins. E que também importamos. Alguns dirão que há alguns países europeus com carga maior. Sim, mas apenas nominal. Ou seja, pagam-se impostos, mas há retorno ao cidadão. Aqui, nada retorna.

Nossa taxa de investimento, entre 1995 e 2009, teve média de 17% do PIB. Ninguém pode crescer constante e sustentadamente com este baixíssimo nível de inversão nos negócios, na infraestrutura etc. A China cresce desde 1979 - grande coincidência com o Brasil, que só cresceu mesmo até 1979 - à taxa média de 9%, e nos últimos anos a 11% ao ano. A China, a propósito, empenha anualmente quase metade do seu PIB em investimento. Ou seja, resumindo: eles investem 40% a 45% e têm carga tributária de 17%.

Enquanto eles geram empregos, tendo tirado, no período, 450 milhões - quase 2,5 Brasis - da pobreza, nós criamos pessoas que não querem trabalhar, através do bolsa-esmola. Quase 13 milhões de famílias, mais de 50 milhões de brasileiros. A indústria têxtil do Ceará é prova disso: essa indústria preparou um programa de treinamento, e o governo entrou com recursos, com a exigência de que se contratasse apenas beneficiários do bolsa-esmola. A ideia era perfeita. Terminado o treinamento, a contratação foi, em termos absolutos, zero. Ninguém queria trabalhar, pois perderia o benefício de nosso fantástico programa da bolsa-esmola, o criador do eterno desemprego.

Assim, está claro que o Brasil pode mais. E muito mais. Basta nos transformarmos num país sério - culpa do Charles De Gaulle, que disse que não éramos um país sério - para que os resultados possam aparecer. É trabalhar, gerar emprego, usar de forma séria nossos recursos, que não são poucos.

O País pode mais, muito mais. E recursos para isso não faltam. Pena que tenhamos tantos políticos quantos recursos disponíveis. Esses dois itens são incompatíveis no nosso glorioso Brasil, varonil, cor de anil.

Com seriedade, poderíamos participar do grupo dos tigres asiáticos, com renda de cerca de US$ 30,000.00. No mesmo período, Espanha e Portugal também chegaram a isso, ou quase. A nossa é de US$ 7,500.00.

Assim, brasileiro, é hora de acordar e fazer alguma coisa, se queremos um futuro. Já dormimos muito. Está certo que, atualmente, não há incentivos para isso, que parece que o melhor é não trabalhar. Mas temos de mudar.



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