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Produção industrial em 2010

Veículo: O Estado de S. Paulo
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Editorial

Pelo segundo mês consecutivo, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o faturamento real do setor apresentou, em outubro, crescimento de 2,4%, em relação ao mês anterior, que foi acompanhado por todos os outros indicadores (horas trabalhadas, emprego, massa salarial real), enquanto, em termos dessazonalizados, o índice de Utilização de Capacidade Instalada (UCI) aumentou para 82,4%, ante 80,1% no mês anterior.

São indicadores que comprovam de modo incontestável a recuperação da produção industrial, que parece generalizada (dos 19 setores, 15 cresceram). Todavia, no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2008, houve queda de 7,1% da indústria de transformação, que se distribuiu por 12 setores.

A recuperação dos dois últimos meses - mesmo levando em conta uma reação ainda maior em novembro - não permite dizer que a produção de manufaturados em 2009 superará a de 2008.

A pesquisa Focus prevê queda de 7,73% neste ano, o que mostra que, apesar dos incentivos fiscais, a crise afetou nossa economia e o efeito mais negativo foi na taxa cambial, que reduziu as exportações e aumentou as importações, apesar da política de incentivos ao consumo.

Na previsão de um crescimento do PIB de 5% para o próximo ano, a questão é saber como reagirá a indústria. É difícil prever um aumento das exportações, embora o ministro Miguel Jorge veja com otimismo a recuperação da economia dos países centrais. Enquanto isso, a CNI considera que será improvável uma melhoria da taxa cambial e que só uma redução dos juros e nova desoneração fiscal permitiriam aumentar as exportações.

O varejo está prevendo crescimento de 10% nas suas vendas, o que deve favorecer uma demanda maior para a indústria do que neste ano. E, certamente, num ano eleitoral o governo não irá reduzir seus gastos ao mesmo tempo que deve ocorrer um crescimento dos investimentos.

No entanto, o relatório Focus do mercado está prevendo um crescimento da produção industrial de 6,85% (ante 6,88% na semana anterior), muito abaixo do aumento da demanda doméstica, considerando que esta, ao contrário do que pensa o ministro, será atendida numa parte significativa por produtos importados.

Caberia, pois, ao governo, dar maior atenção à situação cambial, que não favorece a indústria nacional.


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