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Venda no varejo tradicional cai, e on-line avança

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Dinheiro
Página: A expansão da participação da Amazon.com no mercado de varejo vem ocorrendo em ritmo que deve parecer alarmante aos rivais. No terceiro trimestre deste ano, as vendas do varejo convencional caíram cerca de 4%, e o comércio eletrônico não se moveu. Ma

DO "NEW YORK TIMES"

A expansão da participação da Amazon.com no mercado de varejo vem ocorrendo em ritmo que deve parecer alarmante aos rivais. No terceiro trimestre deste ano, as vendas do varejo convencional caíram cerca de 4%, e o comércio eletrônico não se moveu. Mas as vendas da Amazon subiram 24%, o que gerou uma forte alta nas ações da companhia.


O mais importante, para a Wal-Mart, é que as vendas de eletrônicos e mercadorias gerais da Amazon.com, categorias em que existe concorrência direta, subiram 44%. A Wal-Mart não oferece dados segregados sobre suas vendas na web, mas há informações de que suas operações on-line geram receita da ordem de bilhões de dólares anuais.


"Se você fosse a Wal-Mart, gostaria de ter sua porção proporcional nessa mudança do comportamento dos consumidores", disse Scott Wingo, presidente-executivo da Channel Advisor, que ajuda grupos de varejo a vender on-line. "Seria possível até imaginar um cenário no qual o comércio eletrônico passe a responder por 15% das compras totais, e isso poderia realmente erodir as vendas físicas da Wal-Mart."


É por isso que muitos analistas não se surpreenderam quando executivos da Wal-Mart colocaram a Amazon.com diretamente na mira, com críticas públicas à rival.


A gigante eletrônica, por sua vez, cresceu em um meio dinâmico e acostumou-se a monitorar os rivais de perto. "Nós crescemos em um ambiente altamente competitivo, no qual os clientes podem verificar preços com um clique, e é assim que gostamos de operar", disse Craig Berman, porta-voz da Amazon.com.


Mas a retórica adotada pela Wal-Mart serviu para açular a rivalidade. Em entrevista concedida na semana passada, Raul Vazquez, presidente-executivo do grupo, afirmou que o seu site estava crescendo mais rápido que o da Amazon, e sugeriu que o serviço Amazon Prime, que promete entregas de qualquer produto em prazo de dois dias a preço anual de US$ 80 por usuário, era caro demais. Vazquez acrescentou que "era apenas questão de tempo" para que a Wal-Mart dominasse o varejo na web.


"A base de nossa empresa são os preços baixos", disse Vazquez, lançando um desafio. "Mesmo em livros, vamos continuar competindo até que nos tornemos o líder em termos de preços. E o faremos em todas as categorias, se necessário."

Grande escala
A fricção entre as duas empresas não é completamente inédita. No final dos anos 90, a Amazon.com adquiriu ao menos parte de seus conhecimentos sobre varejo e cadeias de suprimento por meio de contratações de funcionários da Wal-Mart, que abriu contra a rival um processo encerrado por acordo extrajudicial.
Mas na batalha dos preços, a Wal-Mart ocupa posição mais confortável. Devido à sua escala incomparável, ela desfruta de mais influência que qualquer rival para negociar.
Entre as vantagens da Amazon.com estão uma rede de distribuição sofisticada, milhares de fornecedores externos que vendem via Amazon e uma marca on-line reconhecível.
Os clientes da Amazon tampouco pagam impostos sobre as vendas, na maioria dos Estados norte-americanos, uma vantagem crucial que empresas como a Wal-Mart, e seus lobistas, batalham por eliminar.
Para Fiona Dias, vice-presidente-executiva da GSI Commerce, a campanha da Wal-Mart contra a Amazon deveria ter começado até mais cedo. Como assessora de importantes cadeias de varejo, ela diz ter acompanhado muitas empresas que optaram por ignorar a ameaça que a Amazon representa em longo prazo.
"Temos de tomar uma posição firme e impedir que eles se tornem ainda mais poderosos. É mais que hora de os grupos de varejo multicanais lutarem para impedir que seus negócios lhes sejam tomados."



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