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Setor têxtil dribla a crise econômica

Veículo: O Povo online
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A crise mundial não abalou o setor têxtil e de confecção do Ceará. Importar quase três vezes mais foi uma solução

Artumira Dutra
artumira@opovo.com.br

25 Nov 2009 - 00h01min

O setor têxtil trabalha com capacidade total produzindo para o mercado interno(Foto: GEORGIA SANTIAGO)

No período de janeiro a outubro de 2009, o Ceará importou US$ 12,1 milhões em vestuário, principalmente da China e Bangladesh. Esse valor é quase três vezes mais as importações de igual período de 2008 que representaram US$ 4,6 milhões. Mas se o dólar barato facilitou a compra de produtos, principalmente asiáticos, dificultou as exportações, reduzidas para um pouco acima da metade na comparação com igual período. Se voltar para o mercado interno foi a estratégia do setor têxtil e de confecções cearense para driblar a crise da economia mundial.

Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil-CE), Ivan Bezerra Filho, as confecções não passaram por crise alguma e a malharia e a fiação trabalharam a plena carga. ``Do ponto de vista da capacidade produtiva todos trabalharam com carga total``, comenta, ressaltando que não houve nenhuma demissão num setor que emprega cerca de 60 mil pessoas. Explica que o segmento das empresas do Estado voltados para a exportação se reposicionaram e produziram para o mercado interno.

É por isso que o déficit acumulado de US$ 1,82 bilhão, excluindo fibra de algodão, de janeiro a outubro, na balança comercial do setor têxtil brasileiro não afeta as empresas cearenses. Ivan Filho diz que a diferença entre exportações e importações no País já supera o ano passado. O resultado brasileiro dos dez primeiros meses se deve ao valor de US$ 2,81 milhões em importações realizadas de janeiro a outubro deste ano contra US$ 987 milhões em exportações. ``Os valores alcançados de janeiro a outubro revelam cifras inéditas na história do setor e já estão próximas ao déficit recorde do ano passado de US$ 2 bilhões``, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Aguinaldo Diniz Filho. ``A continuar nesse ritmo, com os fatores da economia que agravam os resultados negativos, como o câmbio desfavorável às exportações, certamente o nosso setor vai bater novo recorde negativo na balança comercial`` , completa.

Adianta que, apesar de amargo, este já era um resultado esperado devido à valorização do real frente ao dólar e a redução de demanda de importantes mercados. ``Boa parte desse resultado negativo deve-se ao segmento de vestuário que apresentou queda de 35,8% nas exportações e aumento de 13,9% nas importações, de janeiro a outubro desse ano, em comparação ao mesmo período de 2008``, destaca.

SETOR TÊXTIL

> O setor têxtil do Ceará representa 16% de PIB e consumindo mais de 40% da energia industrial. O Estado tem um parque industrial moderno com cerca de 2.600 confecções e 50 indústrias de fiação, malharia e tecelagem

> De janeiro a outubro de 2009, no ranking nacional do setor têxtil, o Ceará foi o oitavo maior exportador, ficando atrás de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Paraíba e o sexto maior importador de produtos têxteis e de confecção. Nesse caso ficou atrás de Santa
Catarina, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro

> De janeiro a outubro de 2008, o Ceará importou US$ 85,9 milhões e exportou US$ 98,8 milhões. Em janeiro a outubro de 2009 importou US$ 109,5 milhões e exportou US$ 55,4 milhões.


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