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CNI reclama de câmbio artificial

Veículo: O Estado de S. Paulo
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Renata Veríssimo e Adriana Fernandes

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse ontem que é necessário um dólar a pelo menos R$ 2,30 para remunerar minimamente o exportador. As críticas à condução da política cambial dominaram o debate durante dois dias de realização do 4º Encontro Nacional da Indústria (Enai). O câmbio é preocupante, disse Monteiro Neto. A indústria não quer subsídios ou medidas artificiais, mas o câmbio atual é artificial, completou.

Na terça-feira, ao participar do encontro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prometeu ajudar a recuperar a competitividade do setor industrial. Ontem, Monteiro Neto disse que as medidas adotadas pelo governo para conter a valorização do real são tímidas. Ele defendeu a necessidade de acelerar a devolução de créditos tributários, modernizar a legislação cambial e melhorar as condições de financiamento ao exportador. O câmbio é um dos problemas apontados na Carta da Indústria, divulgada no final do encontro.

Embora sem se comprometer com nenhum tipo de meta, Mantega havia mencionado um estudo do banco americano Goldman Sachs que apontava R$ 2,60 para o dólar como taxa de câmbio de equilíbrio para o Brasil. O presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, não quis arriscar um palpite sobre uma taxa de câmbio ideal, mas afirmou que certamente não é R$ 1,70, cotação atual do dólar. Ele pediu rapidez do governo na adoção de novas medidas para conter a valorização do real. Para Skaf, a cobrança de 2% de IOF sobre o capital externo não foi suficiente.

O vice-presidente da República, José Alencar, também reconheceu o problema enfrentado pelos exportadores, mas afirmou que o regime de câmbio flutuante ainda é o melhor. Ele disse que um câmbio a R$ 2,60 por dólar certamente facilitaria a competição da indústria brasileira no mercado internacional. Mas teria vida curta. Por isso, não adianta fixar câmbio. Ele deve ser flutuante. Mas não pode ser flutuante em relação a outra moeda porque outros países praticam políticas que alteram o valor relativo da moeda.

A crítica mais enfática de Alencar, no entanto, foi em relação aos juros altos. Ele contou à plateia de empresários que sempre diz ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a economia vai bem, não por causa do regime de juros praticado no Brasil, mas apesar dele.

Além do aperfeiçoamento da política cambial, a Carta da Indústria propõe ações de curto prazo, com foco na competitividade, entre elas a desoneração de investimentos, o fim da acumulação do crédito tributário, a redução do custo do capital e do spread bancário. O documento também apresenta ações de longo prazo que serão entregues aos candidatos à Presidência da República, nas eleições de 2010.



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