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IOF não segurou o câmbio, diz banqueiro

Veículo: O Estado de S. Paulo
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Daniela Milanese

O presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, afirmou ontem que a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na entrada de capital externo não segurou a apreciação cambial porque há uma tendência de grandes fluxos.

O IOF foi uma tentativa, e é difícil dizer onde estaríamos sem ele, mas, do ponto de vista nominal o câmbio voltou para onde estávamos, disse, em entrevista à Agência Estado em Londres.

Para ele, a pressão cambial é um problema, mas as soluções não são fáceis. As iniciativas poderiam passar pelo aumento da poupança, pelo crescimento das importações e por medidas para facilitar as restrições cambiais que ainda existem no País.

Conforme Moreira Salles, a adoção do IOF não conseguirá mudar a tendência do câmbio, até porque a taxa é relativamente baixa. Ele também lembrou que a desvalorização do dólar é um problema mundial.

Moreira Salles acredita que a taxa de retorno do banco será mantida com o crescimento da carteira de crédito, o que compensará a redução dos spreads. Quando se tem um maior volume, é possível cobrar menos em cada empréstimo, afirmou. Moreira Salles participou de evento organizado pela Agência Estado, ontem.

Segundo o banqueiro, o novo padrão de consumo no Brasil, com a ascensão das classes mais baixas, vem gerando forte demanda por crédito. Existe a expectativa de absorção de novos clientes, com a geração de novos produtos e serviços.

Há mais gente entrando no mercado de consumo e precisando de financiamento, o que dilui os custos fixos do banco.

Com maior oferta, fruto também da concorrência, os spreads devem continuar caindo no País, juntamente com a inadimplência, avalia Moreira Salles. Se o avanço do crédito seguir entre 15% e 20% ao ano, o retorno poderá se sustentar no patamar atual (de 20%).

DEMANDA REPRIMIDA

Além de uma demanda reprimida no segmento de pequenas e médias empresas, que não era atendida no passado, o presidente do conselho do Itaú Unibanco vê perspectivas positivas para o aumento do financiamento imobiliário no País, que ainda é muito incipiente.

Ele prevê que, em cinco anos, essa área alcançará um crescimento importante, à medida que as instituições financeiras consigam captar a taxas fixas e com prazos mais longos.

CONCORRÊNCIA

Moreira Salles também avalia que a concorrência bancária no Brasil é forte e bem distribuída, pois não existe mercado onde o Itaú Unibanco atue sozinho. No entanto, ele não vê mudança de padrão nessa disputa recentemente.

A concorrência já estava aí e continua aí, afirmou o banqueiro. Continuamos disputando cada cliente e cada operação.

O empresário avalia que a competição vem tanto do setor público, particularmente com o Banco do Brasil, como dos concorrentes tradicionais, como Bradesco e Santander, que com o Real vira uma franquia local de influência importante. Ele também mencionou o HSBC, segundo maior banco do mundo, que possui mil agências no Brasil.



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