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Exportadores perdem receita e atrasam superação da crise

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Dinheiro
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Queda na demanda e taxa de câmbio desfavorável prejudicam setor industrial

No segmento siderúrgico, a queda nas vendas chegou a 34% no 3º trimestre deste ano na comparação com igual período de 2008

DA REPORTAGEM LOCAL

Com queda na demanda global e taxa de câmbio desfavorável, os exportadores brasileiros de diferentes ramos lideraram a retração corporativa no terceiro trimestre de 2009, segundo a consultoria Economática. O setor mais prejudicado foi a indústria siderúrgica, cujas vendas desabaram 34% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2008.


Produtores de matéria-prima para fabricação de bens duráveis (carros, eletrônicos) e construção civil, as siderúrgicas brasileiras vêm enfrentando queda nas vendas da ordem de 20% desde o início do ano.
A indústria química e petroquímica tenta sobreviver em meio a uma queda de 23% nas receitas e as fabricantes de autopeças enfrentam recuo de 31,2%, comparado com 2008.


Segundo Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, os exportadores tiveram uma queda entre 25% e 30% nos preços dos produtos vendidos, em relação a setembro de 2008.


"Tem setores, como siderurgia e petroquímica, que nem têm a opção de reduzir a escala. Não se pode utilizar meio alto-forno; ou utiliza um alto-forno inteiro ou desliga, como fizeram a CSN e a Usiminas. Para essas empresas, ou continuam vendendo a preços mais baixos, mantendo sua participação no mercado internacional, ou reduzem a produção e a escala. Mas, se reduzem a produção, aumentam também seus custos para o mercado interno."


Entre as empresas voltadas ao mercado interno, as companhias aéreas e as concessionárias de transportes tiveram perda de 18,3% nas receitas. Mesmo empresas de energia elétrica e de telecomunicações viram suas receitas estagnarem no terceiro trimestre. "A gente tinha a sensação de que o mercado interno saiu incólume da crise. Mas essa confiança de que os países emergentes estão se mantendo com base em seus próprios mercados fica abalada com esses números. Energia e teles dependem sempre do mercado interno e só mudam quando há um esfriamento consistente. Teles e energia ficando estável não é boa notícia; significa que o mercado interno está ruim", disse Fernando Exel, da Economática.


Para Ricardo Martins, vice-presidente da Apimec-SP (associação dos analistas), os resultados do terceiro trimestre mostraram que as empresas voltadas ao mercado doméstico tiveram melhor desempenho.


No setor de energia, diz, uma empresa como a CPFL, que atende a indústria do interior paulista, teve resultado mais prejudicado do que a Eletropaulo, que atua na Grande SP. "Os resultados não decepcionaram pelas circunstâncias que os empresários tinham pela frente. O consumidor, com medo do desemprego, deu uma aliviada [nas compras], mas o consumo segue em recuperação."



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