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Kirchner volta a comando de partido 5 meses após renúncia

Veículo: Folha de S. Paulo
Seção: Mundo
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Ex-presidente argentino quer defender governo de "ofensiva desestabilizadora"

Político havia anunciado saída de cargo após derrota nas urnas, mas colegas de legenda decidiram que ele deve seguir na presidência


SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES

Néstor Kirchner, marido da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu antecessor no cargo, retomou ontem, cinco meses após renunciar ao cargo, à presidência do Partido Justicialista (peronista).
Para manter o PJ sob sua tutela, o ex-presidente aludiu à necessidade de defender o governo Cristina de uma ofensiva desestabilizadora, que visaria impedi-la de cumprir o mandato até o final -2011.
Kirchner havia abdicado da presidência do PJ após sua chapa ser derrotada pela do empresário Francisco De Narváez nas eleições legislativas de junho passado. Ambos foram eleitos deputados, mas De Narváez teve votação superior e conseguiu eleger mais colegas de chapa. Os dois assumem no próximo dia 10, quando o Congresso passa a ter maioria opositora ao governo.
A renúncia anunciada por Kirchner só foi apreciada anteontem pela direção do PJ, que a rejeitou. Em nota que confirma Kirchner no seu comando, o PJ diz "respaldar incondicionalmente a presidente, especialmente quando diversos setores tentam afetar a governabilidade".
O incremento de conflitos sindicais, marcados por protestos de rua e suspensão de serviços essenciais, está na raiz do que o governo chama de "ações desestabilizadoras".
Os Kirchner acusam seu rival no partido, o ex-presidente Eduardo Duhalde, de forjar conflitos com a meta de voltar à Presidência em condições excepcionais, como as de 2002, quando sucedeu Fernando De La Rúa, que renunciou em meio à grave crise econômica.
Cristina deixou clara a suspeita sobre Duhalde ao dizer que "todos têm o direito legítimo de aspirar à Presidência, mas a forma de chegar lá é votando a cada quatro anos, e não forjando situações superdimensionadas, método que deu certo em determinado momento, mas custou muito ao país".
Em respaldo a Cristina, num ato autointitulado de "apoio à ordem constitucional e ao processo democrático", a central sindical CGT (Confederação Geral do Trabalho) convocou uma passeata em Buenos Aires para o próximo dia 20.
O secretário-geral da CGT, Hugo Moyano, é aliado do casal Kirchner. No entanto, deve-se à intransigência da CGT em negociar com trabalhadores do metrô a sucessão de greves que interrompem o serviço em Buenos Aires e tornam caótica a rotina da população.
Partiu também de um sindicato ligado à CGT o bloqueio, na semana passada, da distribuição dos jornais "Clarín" e "La Nación", críticos ao governo. A ação, para exigir a filiação de empregados do setor, lançou suspeita de dissimulada tentativa de censura oficial.
A proximidade de Moyano com o governo e seu papel nas manifestações que "põem a sociedade de mau humor", conforme observou Cristina, fez com que a líder opositora Elisa Carrió acusasse Cristina de engendrar um "autogolpe".



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