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Especialistas temem indústria mundial ociosa

Veículo: O Estado de S. Paulo
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Da Redação

A competição de produtos estrangeiros, principalmente chineses e europeus, com os brasileiros, aqui e em outros países, vai aumentar muito, de acordo com o assessor da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Antonio Barros de Castro, ex-presidente da instituição, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, que participaram ontem, no Rio, do Fórum Especial promovido pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso.

Castro observou que a capacidade ociosa da indústria chinesa e europeia é muito grande e isso causará uma enxurrada de produtos para o Brasil e outros mercados. A enxurrada é inexorável, afirmou. Vem aí uma China ao quadrado.

Para o especialista, o problema dessa grande ociosidade da indústria em outros países, principalmente na China, onde os investimentos feitos antes da crise vinham crescendo em ritmo muito forte, deve durar de dois a três anos para ser digerido e ele se traduz em intensificação da competição.

De acordo com ele, a indústria brasileira não está preparada para enfrentar esse aumento da competição. Lamento muito a perda de espaço no plano manufatureiro.

Para ele, o Brasil precisará usar a renda do pré-sal, antecipada pelos investimentos do setor de petróleo e gás, estrategicamente, de forma muito inteligente para enfrentar a maré de competição internacional onde houver maior potencial de competitividade.

Segundo Barros de Castro, o Brasil deu sorte de o petróleo do pré-sal estar em localização difícil. Com isso, o País terá oportunidade de desenvolver produtos e processos próprios em áreas de fronteira tecnológica como automação, nanotecnologia e novos materiais.

Castro disse que não é suficiente o Brasil pensar em usar o pré-sal para exportar derivados de petróleo em vez de petróleo bruto. exportar produtos de maior valor agregado é um uso muito pobre para o pré-sal. Mesmo estaleiro não significa nada para a estrutura industrial brasileira, disse Castro.

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, disse que o Brasil deveria usar o pré-sal para exportar derivados de petróleo e não o petróleo bruto. Ele mostrou preocupação com a possibilidade de grande valorização do real, que pode afetar essas exportações. Para ele, a discussão sobre Fundo Soberano é fundamental para evitar que uma grande queda do dólar em relação ao real traga mais problemas à indústria. Castro afirmou estar tranquilo em relação à conta corrente do País, por causa da alta dos produtos básicos no mercado internacional. Estamos em um superciclo de commodities, que já dura alguns anos e vai durar mais dez ou 15 anos.



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